A prova foi aplicada para 354 estudantes para 27 cursos de graduação, em dezembro do ano passado, na cidade São Gabriel da Cachoeira

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Publicado originalmente em A Cidade On

Um grupo de dez estudantes indígenas aprovados no vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desembarcou no aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas, na noite desta quinta-feira (14). Eles fazem parte do grupo de 68 estudantes aprovados e convocados no primeiro vestibular indígena da universidade.

A prova foi aplicada para 354 estudantes para 27 cursos de graduação, em dezembro do ano passado, na cidade São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Também teve provas em Campinas, Dourados (MS), Manaus (AM) e Recife (PE).

No aeroporto eles foram recebidos por um grupo de voluntários.

“Estou muito ansioso de chegar e estudar na Unicamp. Desde criança queria estar em uma faculdade, em estudar longe. Então é meu sonho”, afirmou o estudante Valdeson Delgado.

De Viracopos os estudantes seguiram direto para a Unicamp . Lá foram recebidos por outros voluntários e ganharam cestas básicas. Nessa primeira semana os estudantes ficam em algumas casas dos voluntários até se mudarem para as moradias estudantis. “Criamos uma rede de apoio para auxiliar os alunos nesse primeiro momento, principalmente de adaptação. Nesse momento, em que eles ainda não tem a bolsa e nem o vale alimentação, ficam conosco”, afirmou a estudante Rafaela Ferrari.

As aulas da Unicamp só começam no dia 27 até lá os estudantes indígenas já vão frequentar a universidade e irão assistir palestras.

A estudante Daniela Barbosa vai fazer o curso de estudos literários, ela afirmou que para não sentir tanta saudade da família passou a usar um colar que a irmã deu e pulseiras que foram presentes da mãe e do irmão. “Para chegar até aqui hoje teve todo um processo de alimentação, do lugar onde vou estar para não ficar doente”, disse a jovem indígena.

“Não é fácil sair de um lugar em que você nasceu e ir até uma cidade grande, a gente foi privilegiado. É uma forma de ajudar a minha comunidade, a minha cidade assim retribuir o conhecimento que adquiri fora da realidade que vivemos em nosso município”, afirmou o estudante John Alexandre Dias

“A expectativa é muito boa, tem que ter muita positividade. A gente sabe que está tendo muito apoio e isso é muito bom”, afirmou a estudante Taisa Falcão Soares.

O processo seletivo está entre as medidas implementadas pela universidade estadual, a partir da edição 2019, com objetivo de aumentar a inclusão social e a diversidade étnica e cultural. Quatro vagas deixaram de ser preenchidas porque não foram atingidos os critérios de nota mínima.