O paleontólogo João Ismael da Silva com os ovos de titanossauro (Imagem: Dr. Agustin G. Martinelli/ Newsflash)

Cientistas desenterraram ovos de dinossauro de 80 milhões de anos, que se acredita pertencerem aos maiores animais terrestres de todos os tempos, em uma descoberta “excepcional”. Os arqueólogos fizeram a descoberta no Brasil, no primeiro local de nidificação de titanossauros já encontrado.

Os titanossauros podiam crescer até 26 metros quando adultos, acreditam os especialistas, e enterrariam cerca de 10 ovos de cada vez para permitir que eles se chocassem.

O ninho, que remonta ao período Cretáceo, foi descoberto em uma mina de calcário abandonada em Ponte Alta, na zona rural de Uberaba (MG). Especialistas acreditam que os titanossauros foram exterminados quando a Terra foi atingida por um enorme meteoro, marcando o fim do período Cretáceo.

O paleontólogo João Ismael da Silva descobriu os fósseis em Ponte Alta na década de 1990, mas os resultados da análise dos ovos acabam de ser publicados.

É o primeiro ninho de dinossauro encontrado no Brasil, com cerca de 20 ovos de 12 centímetros de diâmetro descobertos.

“Na década de 1990, tomei conhecimento da ocorrência de ovos de dinossauro em Ponte Alta”, disse João. “Em conversa com amigos meus que trabalhavam na mineração de calcário, consegui recuperar alguns ovos isolados e, por fim, uma associação de dez ovos esféricos.”

Agustin Martinelli, do Museu Argentino de Ciências Naturais, disse que a descoberta foi “excepcional”.

O paleontólogo Thiago Marinho disse: “Os titanossauros foram os maiores animais terrestres de todos os tempos. Eram quadrúpedes, alimentavam-se de plantas e tinham cabeça pequena e pescoço comprido”.

Representação artística do ninhal de titanossauros encontrado em Ponte Alta, na zona rural de Uberaba (MG) – Júlia d’Oliveira

Ele acrescentou que os titanossauros de Uberaba variam em tamanho, com comprimentos variando de 10 a 26 metros de comprimento.

Os dinossauros enterravam aproximadamente 10 ovos de cada vez, no que é conhecido como ninhada, para que a temperatura permanecesse controlada até que os bebês eclodissem, não muito diferente de muitos répteis hoje.

“Este estudo reforça a importância do município de Uberaba no campo da paleontologia, notadamente dos dinossauros, e reforça a relevância do Projeto Geoparque Uberaba junto à UNESCO”, disse o paleontólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro.

Restos pertencentes a titanossauros foram encontrados em todo o mundo. Eles eram um grupo diversificado de dinossauros e o último dos saurópodes de pescoço comprido. A espécie viveu durante o período Cretáceo, que se estendeu de aproximadamente 145 a 66 milhões de anos atrás.

A descoberta mais recente ocorre depois que os cientistas disseram que os dinossauros eram “realmente azarados” porque uma mistura catastrófica de gases sulfurosos e o resfriamento do clima ajudaram a acelerar sua extinção.

O resfriamento do clima associado aos gases sulfurosos e ao impacto de um asteroide provou ser terminal para os dinossauros e outras formas de vida, mas também permitiu a diversificação de mamíferos, incluindo primatas.

Essas tomografias mostram a ninhada de ovo mais bem preservada, com fragmentos de casca de ovo pintados de laranja escuro (Imagem: Dr. Agustin G. Martinelli/ Newsflash)

As descobertas de um relatório publicado na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), afirmam que os gases foram ejetados na atmosfera da Terra depois que um asteroide de 10 quilômetros de largura atingiu o que hoje é a Península de Yucatán há cerca de 66 milhões de anos.

Pesquisadores que estudaram a situação, conhecida como impacto de Chicxulub, descobriram que gases sulfurosos circularam globalmente por anos na atmosfera da Terra, resfriando o clima e contribuindo para a extinção em massa da vida.

Isso provou ser mortal para os dinossauros, mas favorável a diferentes tipos de mamíferos, de acordo com o Dr. Aubrey Zerkle, da escola de ciências da terra e ambientais da Universidade de St Andrews.

Fonte: Mirror