Família da vítima afirma que a prisão dos policiais dá “tranquilidade”, pois estavam com medo de represálias por parte dos policiais soltos; uma testemunha foi ameaçada, segundo advogado

Investigação apura o que aconteceu entre o momento em que Nogueira foi colocado na viatura e o momento em que foi encontrado morto. Foto: Reprodução

Por Mauro Utida

Os quatro policiais militares envolvidos na prisão e morte de Henrique Alves Nogueira, 28, foram presos em Goiânia no final da tarde desta terça-feira (16). Henrique foi colocado dentro da viatura pelos agentes e foi encontrado morto horas depois da abordagem, após a esposa denunciar o desaparecimento.

Câmeras de segurança flagraram o momento e as imagens contrapõem a versão dos policiais que a vítima portava drogas em uma mochila e estava em uma moto com um garupa armado. No entanto, os vídeos do incidente não mostram moto nem mochila, e apontam que o rapaz estava sozinho andando pela rua.

O delegado da Polícia Civil à frente do caso, André Veloso, disse ao UOL que a prisão dos policiais foi necessária, para “garantir que a investigação corra sem nenhuma intercorrência” e por “ser uma medida necessária”. A corporação informou que os agentes estão à disposição da Justiça para prestarem esclarecimentos sobre o que aconteceu com Henrique.

O advogado da família da vítima, Alan Araújo Dias, afirmou que a prisão dos policiais dá “tranquilidade” para a família, pois estavam com medo de represálias por parte dos policiais soltos. Ele revelou que na tarde desta terça, solicitou que uma testemunha fosse incluída no cadastro de proteção à testemunha, pois ela foi ameaçada de forma indireta pelos policiais.

“A família fica mais tranquila sabendo que os policiais foram detidos e é isso que a defesa e a sociedade espera, que tenha punição para que casos assim não voltem mais a acontecer”, declarou o advogado que é vice-presidente do plantão da comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-GO (Ordem dos Advogados do Brasil de Goiânia).

Execução

Imagens da câmeras de segurança flagraram policiais militares de Goiás, na última quinta-feira (11), colocando Henrique Alves Nogueira dentro de uma viatura e foi encontrado morto horas depois da abordagem, após a esposa denunciar o desaparecimento.

As imagens podem provar que Henrique, de 28 anos, foi executado pelos agentes. O advogado da família, Alan Araújo Dias, assegura se tratar de um caso de execução pelos policiais militares e que o laudo da morte de Henrique constava sinais de tortura, além dos tiros.

A versão dos policiais militares é de que houve um suposto confronto, além disso os agentes afirmaram que a vítima estava com uma mochila nas costas em que foi encontrada uma grande quantidade de drogas, entre maconha, cocaína, ecstasy e crack. Porém, com o acesso das imagens, foi possível verificar que não houve confronto, a vítima não estava de mochila, estava sozinha e foi abordada e colocada no interior da viatura.

O advogado da família afirmou que no momento da primeira abordagem, Henrique havia acabado de deixar o carro em uma oficina. Naquele dia, os familiares passaram o dia tentando entrar em contato com a vítima e a noite registraram uma ocorrência de desaparecimento.

A polícia diz que Nogueira tinha passagens pela polícia por tráfico e roubo e, de acordo com o advogado, atualmente trabalhava como autônomo de serviços gerais. Ele deixa uma esposa e um filho de 4 anos.

Leia mais:

PMs de Goiás são acusados de executar homem após colocá-lo em viatura

Danrley Ferreira é vitima de racismo em abordagem policial no Rio de Janeiro

LGBTFobia em Goiás: Professora diz que ser homossexual é ‘impuro’ e deixa estudantes indignados