A polícia israelense invadiu o terreno de um hospital de Jerusalém para impedir à força a marcha fúnebre da jornalista da Al Jazeera, Shireen Abu Akleh, que foi morta por forças israelenses enquanto cobria um ataque do exército em Jenin na última quarta-feira (11).

Imagens de TV mostraram o caixão de Abu Akleh quase caindo no chão quando a polícia atacava pessoas que carregavam a bandeira da Palestina perto da procissão, do lado de fora do St Louis French Hospital. Imran Khan, da Al Jazeera, disse que as forças israelenses atacaram os enlutados porque não queriam que eles andassem com o caixão de Abu Akleh.

Foto: Reprodução / Twitter

A polícia israelense disparou granadas de efeito moral e espancou os enlutados com bastões, depois que um grupo deles tentou carregar seu caixão nos ombros.

No final do dia, a multidão se ampliou no velório, levando a imprensa a apontar o episódio como a maior reunião palestina em Jerusalém na memória recente. Os enlutados chamaram isso de uma impressionante demonstração de unidade nacional, motivada pela morte de um jornalista saudado como um ícone.

Abu Akleh, correspondente do canal de notícias Al Jazeera, foi morta a tiros enquanto cobria um ataque militar israelense na Cisjordânia. A rede e as autoridades palestinas disseram que ela foi baleada por tropas israelenses. Israel disse que ela foi pega no fogo cruzado.

O funeral de sexta-feira marcou o segundo dia de eventos em memória e homenagem a Abu Akleh, que trabalhou na Al Jazeera por mais de duas décadas. Uma cerimônia de quinta-feira na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, atraiu uma multidão de milhares de pessoas, muitos dos quais soluçaram e correram para tocar o caixão de uma figura que se tornou familiar em salas de estar em todo o mundo árabe.

O cortejo fúnebre havia sido acordado pela polícia e pela família de Abu Akleh, de acordo com relatos da imprensa, e deveria incluir o transporte de seu corpo em um carro funerário para uma igreja católica na Cidade Velha de Jerusalém e, em seguida, uma procissão para o cemitério cristão onde ela estava, até ser enterrada em um jazigo familiar.

Mas um grupo de homens na multidão impediu que um carro fúnebre se aproximasse da porta do hospital, dizendo que pretendiam carregar o corpo dela nos ombros. O impasse acabou levando o irmão de Akleh, sentado nos ombros de um homem, a implorar à multidão que deixasse o carro funerário passar. “Pelo amor de Deus, vamos colocá-la no carro e terminar o dia”, disse ele.

As agências de segurança israelenses disseram estar preparadas para a possibilidade de confrontos na sexta-feira, especialmente em áreas ao redor da Cidade Velha que foram palco de confrontos entre a polícia e manifestantes palestinos nas últimas semanas.

Com informações de Al Jazeera e Washington Post