Foto: Mre Gavião / Mídia NINJA

A plenária “Parentíssimos e Parentíssimas: autoridades indígenas no movimento e no governo” ocorreu na manhã desta terça, 25, no ATL (Acampamento Terra Livre) em Brasília e contou com a participação de diversas autoridades do Movimento Indígena. Durante o evento as lideranças ressaltaram a importância de se trabalhar em coletividade, pois, apesar de terem conseguido espaços nesse novo governo Lula, ainda sofrem ameaças por parte do congresso.

Segundo a Ministra dos Povos Indígenas (MPI), Sônia Guajajara, sete medidas já foram protocoladas para tirar do MPI a questão das demarcações dos territórios indígenas, além de também ter sido protocolado um pedido de extinção do Ministério. “Nós continuamos em um congresso em sua maioria anti-indigena” contou.

Quem também esteve na plenária e fez falas potentes, foi a primeira indígena eleita Deputada Federal por MInas Gerais, Célia Xakriabá. Ela ressaltou a todo momento que a luta dos indígenas vem de muito antes de ocuparem espaços institucionais, “nós temos pouco tempo de congresso mas temos muito mais tempo de Brasil” enfatizou a deputada. Célia, assim como a ministra, também falou sobre como a coletividade indígena sempre fez diferença durante os mais de 500 anos de colonização no país, e que são os povos indígenas que sempre estiveram à frente das pautas ambientais no Brasil. “Nós somos os principais Ministros do Meio Ambiente pois são os nossos territórios que não deixam passar a boiada!”.

A presidente da FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) Joenia Wapichana, ressaltou a importância de recuperar aparelhos como a Fundação, para que ela volte a ser dos povos indígenas e para os povos indígenas. Desde que assumiu, segundo a presidente, quatorze pedidos de terras para serem demarcados serão homologados.

Além da demarcação, outra pauta dita  na plenária foi a questão da saúde indígena, que ficou ainda mais fragilizada no governo Bolsonaro e seu projeto anti-indígena. Weibe Tapeba, responsável pela Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) dentro do Ministério da Saúde, contou que se sente aliviado em ver os interesses dos indígenas serem finalmente discutidos no âmbito político por outros indígenas. Para ele, a questão Yanomami foi um plano de genocídio feito pelo ex-presidente, e que agora eles estão tentando reverter a situação, porém, disse, ainda “temos que trabalhar com o orçamento deixado pela antiga gestão. (…) Nós temos unidades de saúde que sequer tem acesso a água ou energia”, contou.

As discussões sobre a luta indigena no acampamento continuam até o dia 28, quando acontecerá o encerramento do ATL. Para as lideranças do movimento, apesar do cenário político ser melhor com relação ao anterior, as reivindicações a respeito das demarcações devem continuar, assim como muita coisa tem que ser recuperada depois de anos de violências. “Nunca mais um Brasil sem nós!” lembrou Sônia Guajajara.