A ilha de Maracá, situada na costa do Amapá, é um ambiente complexo, influenciado por marés que atingem até 12 metros de altura duas vezes ao dia. Sua importância ecológica são destacadas pela presença de onças pintadas, cuja proteção é fundamental para o equilíbrio do ecossistema local.

O interesse na exploração de petróleo na bacia marítima da Foz do Amazonas gera preocupação entre os habitantes e estudiosos da região. A possível abertura para atividades petrolíferas levanta questões sobre os impactos ambientais, especialmente considerando as fortes correntes marítimas e a sensibilidade dos ecossistemas costeiros.

“Não existem estudos suficientes, nem embarcação apropriada. Um derramamento coincidindo com a maré cheia vai atingir os manguezais, os lagos, os campos inundados, seria impossível retirar este óleo”, diz Iranildo da Silva Coutinho, analista ambiental do ICMBio e chefe da Estação Ecológica Maracá-Jipioca.

O pedido para perfurar poços de petróleo na bacia marítima da Foz do Amazonas, também chamada de Margem Equatorial, está em análise. A brasileira Petrobrás tenta destravar a licença junto ao Ibama.

A falta de informações claras e a ausência de consulta prévia às comunidades indígenas próximas à área de exploração geram incertezas e temores quanto aos possíveis efeitos negativos para o modo de vida local e para o meio ambiente. 

“Há pouca informação. A propaganda diz que o empreendimento seria a salvação para todos os problemas, mas a gente não acredita. Temos medo” diz a porta-voz e principal fonte de informação da Terra Indígena Juminá, a TI mais próxima ao empreendimento, Luene Karipuna.

A necessidade de garantir uma abordagem mais cuidadosa e sustentável diante das propostas de exploração é ressaltada pelos defensores da preservação ambiental.

Pesquisadores alertam para as lacunas de conhecimento sobre a região e destacam a importância de um maior investimento em estudos científicos para avaliar os riscos e impactos de atividades industriais na área. 

“Quando se diz que o petróleo não chega na costa, a empresa não precisa, por exemplo, oferecer planos de contingência para os ecossistemas daquela região em caso de vazamento”, explica o oceanógrafo Nils Edvin Asp Neto, professor da UFPA, que estudou o documento que a Petrobras apresentou ao Ibama sobre os possíveis impactos do empreendimento. 

O debate sobre o futuro da região envolve questões socioeconômicas, ambientais e culturais, destacando a necessidade de encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.

Via DW