No nuggets da Turma da Mônica da marca da seara foram encontrados 5 tipos de agrotóxicos

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, divulgou na última quarta-feira os resultados das 2ª edição da pesquisa Tem veneno nesse pacote, focada dessa vez em detectar a presença de agrotóxicos nos produtos ultraprocessados de origem animal (carne e lácteos) mais consumidos pela população brasileira. Dos 24 produtos analisados, 14 apresentaram níveis de agrotóxicos, principalmente de glifosato, herbicida classificado como provavelmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc).

Para chegar a esse resultado, a pesquisa criou oito categorias de produtos, como salsicha, empanado de frango e requeijão, definidas de acordo com o que a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF, 2017/2018) apontou como as categorias de produtos que os brasileiros mais consomem. Depois disso, as marcas e produtos foram selecionados com base em dados de mercado encomendados para uma empresa de pesquisa de mercado reconhecida internacionalmente.

Os três primeiros produtos/marcas com maior volume de vendas em cada categoria foram selecionados para os testes. Com exceção das marcas de requeijão, em virtude da segmentação específica desta categoria que não pode ser captada a partir dos dados encomendados, e para as quais foi considerada a pesquisa de preferência dos consumidores Top of Mind (Datafolha).

Tem Veneno Nesse Pacote
Volume 2: ultraprocessados de origem animal

Resultados em destaques

O primeiro lugar do pódio dos campeões do veneno foi para o empanado de frango (nugget) Turma da Mônica, da marca Seara. Nesse produto, que tem crianças como público-alvo, foi encontrado um coquetel de 5 agrotóxicos.

O segundo lugar foi para o requeijão da marca Vigor, com resíduos de 4 agrotóxicos. O terceiro lugar teve um empate entre Requeijão Itambé e o empanado de frango (nugget) Perdigão, com 3 resíduos de agrotóxicos encontrados em cada um.

Nas tabelas abaixo, confira o resultado completo por produto

É importante ressaltar que para esse levantamento, o laboratório analisou apenas produtos de um único lote. É possível que o produto analisado tenha dado resultado negativo para a presença de resíduos nesse lote, mas que o resultado seja diferente para outros lotes. No entanto, o contrário não é verdadeiro: não existe “falso positivo”. Ou seja, não é possível que a análise tenha informado que determinado produto tinha resíduos de agrotóxicos, sendo que, na realidade, ele não estava contaminado.

A importância do estudo

Mesmo parecendo óbvios os resultados da 2° edição do Tem veneno nesse pacote, levando em consideração o modos operandi da indústria alimentícia, estudos de detecção de agrotóxicos em produtos ultraprocessados derivados de carnes e leite ainda são muito escassos. Sem dados científicos credíveis, é impossível avaliar e monitorar o risco relacionado ao uso e ingestão de agrotóxicos por meio desses produtos.

O consumo de ultraprocessados vem aumentando cada vez mais na população brasileira, indicando a importância de se incluir esse grupo no monitoramento do PARA (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos), da Anvisa, onde já figuram as frutas, legumes, hortaliças e grãos. Os Programas Nacionais de Monitoramento de Alimentos (Pronamas) também poderiam monitorar os ultraprocessados porque permitem avaliar a segurança e a qualidade dos alimentos consumidos pela população, sendo importantes ferramentas utilizadas pela Anvisa para o planejamento de ações de vigilância sanitária e promoção à saúde.

Segundo Carlota Aquino, Diretora Executiva do Idec

“Muitas pesquisas anteriores e inclusive o próprio programa de monitoramento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) identificaram agrotóxicos em frutas, legumes e verduras in natura, e até na água, o que pode induzir o consumidor a pensar que esses alimentos são menos seguros do que os ultraprocessados. As duas  edições das pesquisas Tem veneno nesse pacote, vêm, então, para desbaratar de uma vez por todas essa percepção errônea e para cobrar que o governo, por meio dos ministérios competentes, que: i) priorize e realize o monitoramento, a fiscalização, e a ampla divulgação dos resultados das testagens de resíduos de agrotóxicos em alimentos de forma frequente e contínua, e que ii) expanda as análises para incluir os ultraprocessados. Consequentemente, que crie políticas públicas que favoreçam escolhas alimentares mais saudáveis e sustentáveis.

Acesse a cartilha com a pesquisa completa aqui