As duras manifestações pedindo a saída da presidente do Peru já chegaram a Lima, apesar do pedido do oficial para chegar a uma “trégua nacional”. Até agora, mais de 50 mortes foram registradas durante os confrontos nas mãos da repressão policial

Foto: Foncho Silva

A presidente do Peru, Dina Boluarte, pediu uma “trégua nacional” poucas horas antes de uma nova e violenta manifestação estourar em Lima para exigir sua renúncia. Após intensos confrontos, grande parte dos manifestantes acabou sendo ferido por pedras e projéteis.

Foi o sexto dia de protestos convocados no centro da capital peruana e que deixaram um grande número de feridos nas mãos da repressão policial. Até agora, as fortes manifestações das últimas seis semanas deixaram cerca de 50 mortos.

Por que os protestos estouraram?

Os manifestantes exigem a renúncia da presidente Dina Boluarte e viajaram a Lima de diferentes áreas do país para expressar a reivindicação que mantêm desde o impeachment e prisão do ex-presidente Pedro Castillo. “Dina assassina”, “Dina Balearte”, são algumas das frases mais presentes entre as faixas que aparecem nos protestos.

“Estamos na luta, estamos cozinhando para nossos irmãos que estão vindo se manifestar. Os policiais, os soldados vieram nos assediar, eles nos insultam”, disse à RFI uma vizinha da região de Puno, identificada como Valentina.

A mulher participa ativamente das manifestações e já sofreu violenta repressão em seu local de origem: “Mataram meus filhos, meus netos, em Juliaca”.

Foto: Foncho Silva

“A polícia está nos perseguindo, ainda ontem saímos para protestar e o que aconteceu, eles colocaram uma bomba em nós”, acrescentou outro homem da região de Ancash, que experimentou a dureza da repressão policial.

Por sua vez, Marisa, uma mulher que viajou de Cusco a Lima para participar das manifestações, declarou: “Vim para fazer ouvir minha voz em protesto contra os imensos abusos que nos fazem. São tantos anos que fomos abandonados”.

“Venho ajudar, já vim outras vezes trazendo comida, material de limpeza. Nossos corações se partem por todos os assassinatos”, acrescentou um professor que se deslocou ao local com um grupo de voluntários.

Segundo todos os manifestantes, os protestos continuarão até a renúncia de Dina Boluarte.

Foto: Foncho Silva

Governo do Peru se defende perante a ONU

Vários países expressaram sua preocupação na quarta-feira em Genebra, durante reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, com a repressão aos protestos no Peru. O ministro da Justiça defendeu a resposta das autoridades, que qualificou de “adequada”.

“Estamos convencidos de que estamos agindo de maneira adequada para defender a democracia e os direitos humanos”, disse o ministro da Justiça, José Andrés Tello, ao conselho em um discurso em vídeo, informou a agência de notícias AFP.