Foto: Cobertura Colaborativa Fuera OMC

Existem no mundo diversos encontros entre lideranças globais para salvar a economia ou fortalecer a democracia, e no caso da Cúpula da Américas, fortalecer o vínculo e “facilitar a vida” dos países de todo o continente americano, de norte a sul. Mas como isso é possível se indígenas, negras e negros, trabalhadoras e trabalhadores, povos tradicionais, estudantes, professores e alguns países das Américas são excluídos do evento oficial?

Essa situação reflete o dia a dia em praticamente todos os países do continente, onde uma parte da população sofre violências e retiradas de direitos diariamente, além da falta de espaço na tomada de decisões que influenciarão a vida, principalmente, dos mais pobres. Pensando nisso, diversas organizações, movimentos, coletivos, ativistas e defensores dos direitos humanos criaram a Cúpula dos Povos das Américas, hoje a Cúpula dos Povos pela Democracia (People’s Summit for Democracy), onde as vozes que costumam ser silenciadas nestes lugares se tornam não somente presentes, mas protagonistas de suas histórias e importantes discussões, com a criação de novas ideias para colocar em prática nos territórios, além de trazer união para movimentos que realizam a mesma luta em diferentes países do continente.

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A segunda Cúpula dos Povos, que aconteceu em 2001 em Quebéc, no Canadá, enquanto ocorria também a Cúpula das Américas, foi marcada pela atuação dos trabalhadores organizados do país, que consideram o evento um marco histórico dos sindicatos na luta por direitos trabalhistas no país e no continente. Já em Mar del Plata na Argentina, em 2005, o evento paralelo construído pelos povos foi histórico, já que a ALCA – Área de Livre Comércio das Américas, foi enterrada, após diversas tentativas dos EUA de firmar o acordo com os outros países das Américas. No evento, o então presidente venezuelano Hugo Chávez fez uma participação memorável, onde disse “ALCA al carajo”, além do seu papel importante para o fim da ALCA, assim como do também então presidente brasileiro Lula.

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Importante destacar que enquanto a Cúpula das Américas acontece, realizada pela Organização dos Estados Americanos (OEA), há também uma fórum voltado para os movimentos sociais que é excludente, como afirmou Dr. Fernando Cebamanos, organizador da Cúpula dos Povos que aconteceu na Cidade do Panamá em 2015 e presidente do partido Frente Ampla pela Democracia no Panamá, no período. “Dos movimentos sociais que estão participando da Cúpula dos Povos, muitas organizações e lideranças enviaram seus pedidos formais de participação (no Fórum da Sociedade Civil e Atores Sociais da OEA). Organizações como a Frente Nacional de Direitos Econômicos e Sociais – formada por 53 organizações panamenhas – foram rejeitadas. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção do Panamá, um dos maiores sindicatos de trabalhadores da América Central, também foi rejeitado. E também foi negada a participação de vários professores e líderes estudantis”.

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O então presidente da Bolívia Evo Morales participou dessa Cúpula dos Povos no Panamá, e se comprometeu a entregar as demandas finais e conclusões do evento para o presidente oficial da Cúpula das Américas que ocorria no país.

A cada nova Cúpula das Américas, surge também a “contra-cúpula” realizada pelos movimentos com o objetivo de debater a questão do combate à pobreza, pela igualdade social e pela soberania e direito à autodeterminação dos povos, assuntos que na prática não estão na agenda do dia das lideranças que participam do evento oficial. Após dois anos de pandemia de Covid-19, que ainda lota hospitais, a crise econômica, política e social toma os países latinos, e também da América do Norte, e soluções coletivas são necessárias para reverter a situação atual. A proposta da Cúpula dos Povos é exatamente trazer isso com debates, palestras, mostras culturais e diversas agendas com lideranças e movimentos populares. Pelo povo, para o povo, essa é a proposta da Cúpula dos Povos pela Democracia, que acontece novamente em Los Angeles, de 8 a 10 de junho. A Mídia NINJA, junto à People’s Summit irá realizar a cobertura colaborativa do evento, de forma presencial e online.

Se quiser participar  da cobertura colaborativa Inscreva-se em midianinja.org/peoplescollab2022