Período de maior destruição foi durante os quatro anos do governo Bolsonaro, responsável pelo desmonte da política ambiental

Desmatamento em Rondônia – Bruno Kelly – Amazônia Real

De acordo com a série histórica realizada há 15 anos pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Amazônia teve mais um recorde negativo de destruição. Nos últimos 12 meses, de agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de floresta, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo. O tamanho da área devastada é 3% superior à registrada no calendário passado.

Foi a quarta vez seguida em que a devastação atingiu o maior patamar, período equivalente à gestão do governo Bolsonaro, responsável pelo desmonte da política ambiental.


Por causa da menor frequência de nuvens na Amazônia, o calendário de monitoramento do desmatamento começa em agosto de um ano e termina em julho do ano seguinte. Porém, ao analisar apenas o que ocorreu em 2022, a alta na destruição é ainda maior. Comparando os períodos de janeiro a julho, a área de floresta perdida neste ano cresceu 7% em relação a 2021, passando de 6.109 km² para 6.528 km². Isso significa que, somente em 2022, a região já viu um território de mata semelhante a cinco vezes a cidade do Rio de Janeiro ser posto abaixo. E esse também foi o maior desmatamento para o período dos últimos 15 anos.

“O aumento do desmatamento ameaça diretamente a vida dos povos e comunidades tradicionais e a manutenção da biodiversidade na Amazônia”, alerta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon. “Além de contribuir para a maior emissão de carbono em um período de crise climática. Relatórios da ONU já alertaram que, se não reduzirmos as emissões, fenômenos extremos como ondas de calor, secas e tempestades ficarão ainda mais frequentes e intensos. Isso causará graves perdas tanto no campo, gerando prejuízos para o agronegócio, quanto para as cidades”.

Entenda os alertas

O monitoramento do Imazon reporta mensalmente áreas desmatadas detectadas em imagens de satélites de toda a Amazônia Legal, que são chamadas de “alertas de desmatamento”. Por isso, são estimativas geralmente menores do que a área desmatada informada anualmente pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Isso porque, como o SAD é um sistema de monitoramento mensal, são analisadas cerca de 30 dias de imagens de satélites para geração dos alertas de desmatamento. E, caso tenha muita ocorrência de nuvens em um mês, algumas áreas derrubadas podem não ser detectadas. Já no Prodes, que é anual, há pelo menos 365 dias de imagens de satélites para serem analisadas. Dessa forma, uma área que foi desmatada em um mês com muita ocorrência de nuvens e que não foi detectada no sistema mensal pode ser identificada pelo anual, nas imagens dos meses seguintes.