Avaliação é de palestrantes de evento do Brazil Climate Action Hub que discutiram, ainda, possibilidade de cooperações internacionais

(Foto: Neidinha Suruí)

 

Por Nicole Grell Macias Dalmiglio, da cobertura colaborativa NINJA na COP27

Como o Estado brasileiro pode voltar a ser destaque na governança ambiental e climática global? Esse foi o ponto de partida do painel “Brasil, potência verde”, que ocorreu nesta sexta-feira (11), durante a 27ª Conferência do Clima. No estande do Brazil Climate Action Hub, as discussões se estenderam também à possibilidade de cooperações internacionais.

A presidente e co-fundadora do Instituto Igarapé, Ilona Szabó mediou o painel que foi realizado a partir da parceria do instituto com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI). Participaram ainda, Isabella Teixeira, conselheira emérita do CEBRI e ex-Ministra do Meio Ambiente; Antonio Patriota, atual embaixador brasileiro no Egito e ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil; Jennifer Morgan, secretária de Estado e representante especial para a política climática internacional no Ministério das Relações Exteriores da Alemanha: Laurence Tubiana, ex-embaixadora de Mudanças Climáticas da França e uma das principais arquitetas do Acordo de Paris de 2016; e a ativista indígena, Txai Suruí.

Em sua fala o embaixador Antonio Patriota, pontuou que liderança internacional para Brasil significa “sensibilidade em relação às agendas de outras regiões”, ressaltando a necessidade de se atentar às questões em torno da denominada “justiça climática” – quanto uma região contribui de modo insignificante ou muito pequeno com as emissões de carbono globais e sofre com grandes desastres naturais devido ao não comprometimento de países de outras regiões com a agenda ambiental. Também destacou a necessidade de arranjos financeiros para subsidiar as políticas ambientais em países em desenvolvimento e/ou subdesenvolvidos.

Para a ativista indígena Txai Suruí, a justiça climática defendida pelo embaixador brasileiro deve ser acompanhada de um alinhamento das políticas públicas com o conhecimento ancestral dos povos originários.

Segundo ela, as tentativas de mitigar os problemas ambientais com estratégias capitalistas como o comércio de créditos de carbono são insuficientes em meio a esse processo, pois não existe conservação ambiental sem falar de políticas baseadas na natureza, sem falar de direitos humanos dos povos indígenas, sem falar de educação ambiental, entre todas as outras estratégias que são basilares para que a luta contra as mudanças climáticas comece a ganhar força.

A arquiteta do Acordo de Paris, Laurence Tubiana, também pontuou a necessidade dos conhecimentos dos povos originários, considerando essencial que sejam escutados mais atentamente, em nível internacional.

Por fim, a conselheira emérita do CEBRI e ex-ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, destacou o Brasil como uma país que quer construir o caminho para a paz climática, mas que para começar esse processo é necessário dialogar com os estados vizinhos, com os quais o Estado brasileiro compartilha a Bacia Amazônica e a Bacia do Prata, assim como diversos outros biomas. Segundo Teixeira, não há possibilidade de construir uma paz e uma justiça climática sem justiça social, sendo necessário tratar as questões ambientais e os direitos humanos de forma conjunta.

Confira o debate na íntegra: