Foto: Jocilani Giulearte

A análise do fígado de uma das duas onças encontradas mortas no Pantanal sul-mato-grossense, no ano passado, indicou que os animais foram envenenados pelo agrotóxico carbofurano. A venda desse produto é proibida no Brasil, desde 2017, por ser extremamente tóxico. Mas ele é facilmente encontrado no Paraguai.

As onças, além de outros 18 animais – um cachorro-do-mato, um gavião, 14 urubus e dois carcarás – foram encontrados por uma equipe do Instituto Reprocon, em junho de 2021, na região do Passo do Lontra, em Corumbá (MS). Os animais teriam morrido por consumir carcaça de bovino envenenado. A equipe fez uma incursão na mata para rastrear o colar de GPS instalado em um dos animais monitorados pelo grupo, pois haviam recebido sinal referente ao sensor de mortalidade. A condição em que foram encontrados levou à suspeita de envenenamento.

A Polícia Federal divulgou a conclusão da investigação iniciada no ano passado, nesta semana. Os responsáveis (o arrendatário e dois funcionários) foram indiciados pelo crime. O laudo pericial aponta também que o uso do “carbofurano para envenenamento intencional de animais domésticos e selvagens tem sido frequentemente descrito em publicações científicas, como um dos praguicidas mais comuns para esse fim”.

Segundo o instituto, Sandro (macho de onça pintada) era monitorado por colar GPS desde setembro de 2020. “[Isso] permitiu a localização desses animais, 600 metros da margem do rio adentrando uma propriedade privada arrendada”, informou o Reprocon. A morte de animais por envenenamento gera um efeito cascata, matando outros bichos que se alimentam da carcaça. “Metade da população de onças do mundo se encontra aqui no Brasil”, lembra a entidade.