Foto: Marília Quinderé / Divulgação

Médicos e familiares de Izabel Loiola, no Ceará, se mobilizaram esta semana para que ela conseguisse realizar um desejo: reencontrar-se com o mar. Izabel, que vive hoje sob tratamento paliativo contra a leucemia, sem cura, está internada desde o último mês de dezembro. Ela deixou o leito do o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh (CH-UFC), encontrou parentes e amigos que vieram compartilhar com ela aquele momento, e não deixou de se emocionar ao colocar os pés nas águas da praia de Iracema.

“Esse é um dos momentos mais felizes da minha vida, porque eu amo o mar, amo minha família e o carinho de pessoas que cuidam de mim e que eu nem pensava que gostavam tanto de mim”, disse Izabel ao Diário do Nordeste.

Ela está em tratamento contra um câncer no sangue desde setembro do ano passado. Após sofrer com os sintomas intensos no corpo, realizou três sessões de quimioterapias. Izabel passou por três tipos de protocolos para combater uma leucemia mieloide aguda, considerada grave e agressiva, mas ela não respondeu a nenhum deles e, por isso, não pode ser submetida ao transplante de medula óssea.

Paliativismo

Izabel está sob a atenção do programa de cuidados paliativos do Hospital Universitário Walter Cantídio. Quem coordena é a geriatra e paliativista Cinara Franco. Há cinco ela oferece tratamento por meio do SUS a quem recebe um diagnóstico de doença grave.

“No geral, identificamos os desejos do paciente e o realizamos dentro do ambiente hospitalar. Já fizemos um casamento, reencontros, visita de animais e de crianças, uma alimentação especial, enfim, reunimos a equipe para entregar à pessoa internada o que ela deseja. Não podíamos deixar de atender ao desejo de Izabel”, disse Cinara à Folha.

Foto: Marília Quinderé / Divulgação

Como diz a doutora Ana Paula Arantes, em um vídeo para a Casa do Saber: “a medicina tem limites para o tratamento de uma doença, mas não tem limites para o tratamento dos sofrimentos”. Assim é possível tratar de qualquer paciente até o seu último processo antes de fazer a passagem. Os cuidados paliativos vêm amenizar certas mazelas e confrontar um lado mais tecnicista da medicina.

“É uma especialidade importantíssima para lidarmos com os processos de luto, perda e leveza, em entender essa passagem do corpo físico. Por sorte, temos muitos profissionais que entendem a medicina como uma tecnologia de afeto”, diz a colunista Amanda Pellini, que recentemente entrevistou profissionais da Especialidade Cuidados Paliativos em sua coluna para a Mídia NINJA. Confira abaixo:

O tecnicismo da medicina atual e os cuidados paliativos