(Mídia NINJA / André Michiles / #PeoplesSummit22)

Por Alyssa Trotte para Cobertura Colaborativa NINJA People’s Summit

Com os dizeres “só a luta conquistou o direito das mulheres”, organizações feministas, grupos comunitários, ativistas, mulheres indígenas, negras e LGBTQIA+ das Américas do Norte, Sul, Central e Caribe se juntam ao People’s Summit 2022, também conhecida como Cúpula dos Povos pela Democracia, para produzirem coletivamente uma alternativa feminista e popular à Cúpula das Américas, sediada em Los Angeles pelo governo Biden. Em meio a silenciamentos categóricos produzidos pelos Estados Unidos para os povos das Américas, as mulheres são apontadas como o motor da luta e da resistência para contestação da democracia neoliberal e produção coletiva de novas imaginários democráticos, que operem pelo fim da lógica opressora e exploradora dos corpos e territórios. 

(Elijah Gannaway / #PeoplesSummit22)

A fala de Sheila Xiao, co-coordenadora do People’s Summit 2022, traduz bem a crítica das mulheres para este evento: “estamos lutando contra a Cúpula das Américas; estamos cansados de como o destino de nosso povo e de nossas vidas é ditado”. Apesar dos canais de mídia tradicionais afirmarem que o empoderamento da mulher é uma pauta em progresso dentro da Cúpula, na prática não é isso que podemos observar. A Cúpula das Américas conta com a participação de apenas três mulheres: a presidenta Xiomara Castro, de Honduras, a presidenta Sandra Mason, Barbados, e a presidenta de Trinidad e Tobago, Paula-Mae Weekes. A presença quase que nula de mulheres destaca a desigualdade de gênero histórica na região, sobretudo quando constatamos que nos últimos 30 anos, apenas 14 mulheres foram chefes de Estado. 

Para além da baixa paridade numérica, as violências políticas e violações de direitos humanos continuaram a persistir nas semanas anteriores à Cúpula das Américas. Na segunda-feira, dia 06, a organização Humans Rights Watch denunciou os abusos sofridos por migrantes e solicitantes de refúgio que chegam ao México vindos do sul, sobretudo das mulheres e de crianças, que sofrem de maneira aprofundada o abandono e as negligências do Estado norte-americano.

(Mídia NINJA

As mulheres, em suas pluralidades, se reúnem no People’s Summit 2022, participaram dos mais diversos painéis propostos entre os dias 8, 9 e 10 de novembro, para criar uma verdadeira mudança coletiva e desestabilizar a estrutura capitalista, partindo de projetos coletivos de libertação e da “solidariedade internacional para combater a opressão”, como declarou Xochitl Sanchez, voz da Central American Resource Center LA, em entrevista.