Ausência da preocupação com a temática da mulher é alarmante

Foto: Mídia NINJA

por Alana Porcino, da Campanha de Mulher

Após as manifestações do #Elenão – movimento levantado principalmente por mulheres, marcando o repúdio a posições ofensivas do candidato a presidência Jair Bolsonaro (PSL) contra o eleitorado feminino – que aconteceram no último dia 29 de Setembro, a Campanha de Mulher fez um levantamento das propostas dos presidenciáveis que tenham como foco a mulher e os problemas que enfrenta no Brasil. A falta de representatividade é preocupante e não se restringe apenas ao candidato com maior rejeição, mas se estende a outros tantos, mostrando o longo caminho que ainda há pela frente.

Aqueles com nenhuma proposta

Dentre os 13 planos de governo pesquisados, quatro deles – de Eymael (9 páginas), Cabo Daciolo (17 páginas), Jair Bolsonaro (81 páginas) e João Amoedo (23 páginas) – não tem nenhuma proposta voltada para as mulheres, alguns sequer mencionam o termo em todo o plano. Cabo Daciolo e Jair Bolsonaro, no entanto, mostram breve posição pessoal sobre temas que dizem respeito ao eleitorado feminino: Daciolo se diz contra a legalização do aborto nos casos ainda não previstos por lei e Bolsonaro destaca sua insatisfação com a questão da violência sexual contra mulheres no Brasil – ao menos.

Até 2 propostas

Em seguida, vêm Henrique Meirelles (1 proposta em 21 páginas), Álvaro Dias (1 proposta em 15 páginas) e Geraldo Alckmin (2 propostas em 9 páginas). Meirelles fala da redução da desigualdade salarial entre os gêneros; Álvaro diz sobre o acesso universal às creches, e Alckmin se divide entre combate à violência contra a mulher e programas de prevenção da gravidez precoce.

Com 4 propostas

Vera Lúcia, em um plano de 5 páginas (a maior proporção de todos, mas também o mais curto), promete lutar por igualdade de direitos e salários entre homens e mulheres, pela legalização do aborto e pelo combate à violência contra mulher.

8+ propostas

Pensadas no eleitorado feminino, segue-se João Goulart Filho (14 páginas), Marina Silva (24 páginas), Fernando Haddad (58 páginas) e Ciro Gomes (62 páginas) que falam – todos – com um pouco mais de profundidade sobre temas como aborto, exploração do trabalho doméstico feminino, violência de gênero, licença maternidade, igualdade salarial, representatividade política e saúde da mulher.

20+

A maior quantidade está no plano de Guilherme Boulos, também o mais comprido. São mais de 20 propostas em 228 páginas de documento e, além de tratar dos temas já falados anteriormente, tem um recorte mais específico sobre mulheres trans e travestis, saúde psicológica da mulher, atenção àquelas em situação de vulnerabilidade social, prevenção do câncer de mama e de colo de útero, garantia dos direitos das trabalhadoras domésticas e 1% do PIB investido em ações que combatam a violência de gênero.
Em tempo, a cidadã (ou cidadão) que analisar todos os planos de governo, só terá visto a palavra “mulher” de 4 a 5 vezes a cada 10 páginas, na média. Ou seja, prevalecem agendas de governo que não se atentam sequer a maioria da população. Como tem sido noticiado e percebido, se a força do eleitorado feminino é expressiva e capaz de movimentar os pontos percentuais das pesquisas de opinião, existe, ainda, grande necessidade de articulação e militância para tornar a corrida presidencial mais representativa.