Total de alunos indígenas passou de 9.764, em 2011, para 46.252 em 2021

Foto: Nailana Thiely / Ascom UEPA

Um levantamento do Instituto Semesp, com base em dados do Censo Demográfico 2010 e do balanço do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou um salto de quase 374% nas matrículas de universidades por pessoas que se declaravam como descendentes de povos nativos no período de 10 anos. Em números absolutos, o total de alunos indígenas passou de 9.764, em 2011, para 46.252 em 2021, um aumento de 5 vezes.

Apesar do salto significativo nos números, os indígenas universitários representam 3,3% dos mais de 1,4 milhão de pessoas que se identificam como indígenas no país, segundo dados parciais do Censo Demográfico de 2022. Em relação ao total de alunos no ensino superior, eles são somente 0,5%.

“Tem muita coisa ensinada nas universidades que diz respeito aos povos nativos, mas não é ensinada, a meu ver, da maneira correta. Os componentes curriculares sobre povos indígenas deveriam ser dados por professores indígenas. E já temos mestres e doutores formados, mas eles não estão nas salas de aula”, critica a indígena Márcia Mura, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Em 2021, apenas 428 dos mais de 483 mil professores de ensino superior eram indígenas, de acordo com o Censo da Educação Superior.

Para além de aumentar o acesso dos povos indígenas ao espaço acadêmico, é necessário criar formas de mantê-los no ensino superior, visto que o racismo interfere na permanência dos indígenas na universidade.

“Eu escolhi ser professor para ensinar e é difícil pensar que tem coisas que eu sei, que aprendi com meu povo, que poderiam ser ensinadas por outros professores, mas não são. Porque nossa história ainda é vista como uma história menor, desimportante” conta João Santos, guarani do Jaraguá, recém-formado em Pedagogia.