LuKaSH encerra seu ciclo do projeto FOGO com XANGÔ, Filme Manifesto Realizado em parceria com Renato Vallone e estrelado pelo elenco da Cía dos Prazeres, que há 5 anos atua no Morro dos Prazeres, Rio de Janeiro.

Esse filme é um Manifesto:

A Potência da Cultura Viva nos Corpos Livres como resposta ao extermínio e tortura da população negra e à tentativa de destruição violenta da sua Ancestralidade. Cansados de morrer e apanhar, cansados da violência diária que extermina nossas vidas, nosso imaginário, nossa ancestralidade, Invocamos o Orixá da Justiça Justa, XANGÔ, para nos proteger e nos dar Foco e Luz para essa Guerra.

Não aceitaremos mais a injustiça.
Vamos à luta!

Numa cidade em estado de sitio, aulas suspensas, escolas metralhadas, jovens negros exterminados, traficantes obrigam Yalorixás a destruírem seus próprios terreiros, a tortura de quebrarem suas imagens sagradas, políticos corruptos drenam todos os recursos da cidade e encerram de vez as poucas politicas culturais que resistiam, perseguem todas as manifestações de Fé distintas das suas, assassinam projetos como a Cía dos Prazeres, que completa 5 anos, com centenas de pessoas atendidas em oficinas de formação, ligação e construção de espetáculos multimídia, porém nos últimos dois anos esvaziada pela absoluta falta de patrocínio ou quaisquer recursos, o que desprofissionaliza os jovens que se formaram através dos projetos fomentados com dinheiro público, profissionais que transbordam talento mas têm de voltar ao subemprego, às faxinas, às obras, quando não acabam se envolvendo em atividades de alto risco de vida, especialmente para jovens negros e pobres, jovens de favela.

Injustiça no Morro que passa a fome e a bala.

 

Há 120 anos os soldados do exército da recém nascida republica do Brasil, exterminadores dos pobres de Canudos, voltaram da guerra e fundaram a primeira favela do Brasil, onde até hoje, mais de um século depois, os pobres continuam sendo exterminados, explorados, violentados em todas camadas de suas existência.

O Estado Punitivo Policialesco que cultivamos induz à cultura de linchadores. Os punitivistas buscam um inimigo externo, fora e bem longe de si, que represente todo o mal que eles não são capazes de trabalhar em si mesmos. Nossa resposta a toda essa violência é a potência de nossa arte!
Nosso contra ataque vai direto pro inconsciente coletivo.

LuKaSH fala:

“Em tempos como esse que vivemos agora, toda obra de arte é urgente: cada filme, peça de teatro, videoclipe, pintura pode ser uma ferramenta para discutirmos com profundidade as questões urgentes que nos assolam. É daí que nasce o projeto Fogo, desse incêndio veloz e voraz que consumiu o Brasil rapidamente e ao qual reagimos com as ocupações de espaços públicos sub utilizados ou pessimamente gerenciados e as manifestações em massa nas ruas.

Porém sem uma base firme perdemos o foco e o fogo.

As manifestações foram sequestradas, suas reais causas manipuladas e hoje assistimos estarrecidos a mobilização de grupos que atacam violentamente a alteridade, a demonizam e tentam extinguir quaisquer manifestações culturais e politicas que realizem uma análise crítica, que desconstruam suas verdades absolutas, ou que simplesmente realizam o exercício experimental da liberdade (conceito de Arte de acordo com Mário Pedrosa). Nossa resposta a esse poder de mobilização de grupos como MBL, oriundo de viralizações de seus conteúdos alienantes e manipulados sem quaisquer compromissos com a verdade e com a ética, deve ser justamente com a mesma ferramente de viralizar nossos conteúdos libertadores dessa sombra nefasta que se alimenta da ignorância e do medo!”

 

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