Nesta semana, um dialogo entre Vyni e Eliezer na edição atual do Big Brother Brasil chamou atenção entre a população LGBT. Vyni abriu o coração para o amigo e relatou cenas de sofrimento e agressão homofóbica que já viveu na região do Crato, no Ceará, onde o participante mora. Ele relata que já apanhou na rua pelo fato de ser homossexual e já foi jogado de um carro em movimento.

“Você não vai saber o que é ter medo de andar na rua. Por exemplo, atravessar a rua para ir comprar um pão. Você não sabe como é”, desabafou.

“Mas você, na sua cidade, no seu bairro… Tu já passou por algo assim?“, questionou Eliezer.

“Já. E a dor não é nem a dor física, é a dor lá dentro. Me bateram. Tô contando isso daqui, mas nem o povo lá de casa sabe. Tô falando isso em rede nacional. Aconteceu comigo, mas aconteceu pior com muita gente. Muito pior. Imagina quem não tem uma família para acudir, ou quem é colocado pra fora de casa. Isso só em relação à orientação. Imagine cor, classe econômica. A gente, às vezes, esquece como é ser amado, ser gostado”, revelou Vyni.

A equipe que colabora com Vyni gerenciando suas redes afirmou que foi pega de surpresa. “Vyni tem muito orgulho de representar essa comunidade e luta por uma realidade melhor, apesar do medo, pois sabe o valor de usar sua voz por um bem maior”.

Nas redes, espectadores, especialmente pessoas LGBT, trouxeram diversos debates à luz do desabafo de Viny. “O diálogo de Vyni e Eliezer foi um gatilho pra mim”, disse o ativista Onã Rudá. “Quantas violências passamos e fingimos que não foi nada, não contamos pra família, amigos, pra ninguém? Nem sempre violência física, às vezes uma piada, um deboche, um olhar, um tratamento diferente. Todo dia acontece”.

Onã questionou ainda diversos comentários e conteúdos que afirmam que Viny estaria “apaixonado” por Eliezer, como se não houve possibilidade de homens gays sentirem afeto fraterno por outros homens. Em outra postagem, questiona: “Quantas pessoas na casa pararam pra ouvir o Vyni? Pra ouvir suas dores, experiências que nós atravessam e muitas vezes não temos coragem nem de contar pra família? É assim, vivemos com medo, todos os dias, em diversas circunstâncias e precisamos nos reinventar pra continuar”.

“Muitas vezes atrás de um sorriso, uma autoestima esconde dores por experiências massacrantes por simplesmente ser quem é”, escreveu Luanda Moraes, em comentário na NINJA. Yara Sereya racializou o debate: “É porque ele não tem consciência de raça, porque o que ele passou é mais violento por ele ser preto. A porrada dói mais, incomoda mais”, escreveu.

Confira relatos:

https://twitter.com/ruthmedeirost/status/1492667835138686979