Já foi dada a contagem regressiva para a III MUTAK na Aldeia de Alter do Chão, que acontecerá neste mês. O evento será realizado nos dias 27 e 28 de julho. A Mukameẽsawa Tapajowara Kitiwara (MUTAK) é o nome originalmente escrito em Nheengatu, que significa em português: “Mostra de Arte Indígena do Tapajós”. Já na sua 3ª edição, a MUTAK quer ressaltar e valorizar a língua nativa local e promover o intercâmbio dos 13 povos originários da região.

O Oeste do Pará, região do Baixo Tapajós, abrange os municípios de Aveiro, Belterra e Santarém. Na perspectiva dos povos originários, o recorte geográfico habita os povos Apiaka, Arapiun, Arara Vermelha, Borari, Kara-Preta, Jaraki, Kumaruara, Munduruku, Maytapú, Tapajó, Tapuia, Tupinambá e Tupaiú.

Foto: Divulgação

Essas etnias, que caracterizam os diversos povos tradicionais da região, vivenciam um cenário de desapropriação territorial muito severa, tentativa de aculturação por parte de religiosos, massacre social e degradação ambiental instituído tanto por madeireiras, mineradoras, multinacionais quanto pelo próprio Estado, que libera a exploração deliberadamente. A MUTAK visa ações que fortifiquem essa nação para a sua ancestralidade ao estimular a soberania e a importância de serem consultados por qualquer instituição nacional ou internacional.

A mostra quer proporcionar o resgate da cultura, a proteção da sua memória e valorização de suas artes e ofícios. É de suma importância para o firmamento da presença das diversas etnias na região do Baixo Tapajós e também para o enfrentamento contra a intolerância étnica e o preconceito racial que atingem também os povos quilombolas e ribeirinhos. Os povos originários do Tapajós vêm apresentar suas singularidades étnicas através da MUTAK e querem celebrar e conviver a existência com as demais culturas não-indígenas.

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As primeiras MUTAK

Foi nesse panorama que ocorreu em 2016 a primeira edição da MUKAMEẼSAWA TAPAJOWARA KITIWARA (MUTAK) (Mostra de arte indígena do Tapajós) um momento de vivência, intercâmbio intercultural e troca de saberes, fortalecimento e valorização da cultura milenar dos povos indígenas na região do Tapajós e Rio Arapiuns. A primeira versão reuniu aproximadamente mil pessoas durante dois dias. Considerando a importância e os ganhos da primeira edição, em 2018 foi realizado a segunda edição, com o alcance 2.300 pessoas durante os dias 4 dias de evento, iniciado no dia 19 de abril e participando do circuito da semana da consciência indígena.

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A segunda MUTAK, que ocorreu nos dias 19 a 22 de abril de 2018 durante a Semana dos Povos Indígenas, no Centro Comunitário em Alter do Chão (PA), contou com a participação de 30 expositores de diversas etnias indígenas da Bacia do Tapajós. A segunda edição proporcionou a conexão dos povos étnicos com um grande público não-indígena, entre moradores da região e turistas internacionais, que costumam passar pela aldeia de Alter do Chão.

É um evento aberto ao público como meio de sensibilizar a comunidade em geral sobre a luta e resistência dos indígenas do baixo Tapajós, expressando a sua cultura através da arte. A mostra de arte indígena contou com exposição de artesanatos, pintura, culinária, etnobotânica, fotografia a audiovisual.

O que se espera para o ano de 2019

Neste ano, o encontro quer promover a arte da região com presença confirmada dos artistas locais, o movimento de carimbó do Oeste do Pará, o coletivo de carimbó feminino Suraras do Tapajós e palco aberto para demais músicos locais poderem se manifestar. Além das apresentações musicais, haverá o concurso do Guerreiro e Cunhã MUTAK, que celebra a beleza indígena com as suas danças, indumentárias e carisma.

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Para a realização das trocas de conhecimento, haverá oficinas durantes os dois dias, com vivência de pinturas corporais étnicas, grafismo em cuia, alimentação viva, dança indígena e muito mais. As oficinas serão um dos fatores importantes do evento, com o intuito de aproximar os não-indígenas da cultura ancestral brasileira, apresentando as diversas cosmovisões que há nesta terra antes do encontro com os povos ocidentais da Europa. Além disso, haverá também o encontro de pajés, curandeiros e rezadeiras que promoverá a troca de conhecimento entre os mais diversos povos com muita festa e rituais tradicionais.

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Nesta terceira edição a MUTAK conta com o patrocínio do Banco da Amazônia, graças à conquista de prêmio para eventos culturais tradicionais. No entanto o evento ainda permanece com caráter cultural e político sendo produzido graças à colaboração de indígenas locais, alunas e alunos voluntários da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).

O evento teve ainda a participação e forte apoio da produtora Pi Produções, do coletivo de Mulheres indígenas “Suraras do Tapajós” e da secretaria de Turismo e Cultura de Santarém. Espera-se que esse ano a mostra possa receber todas e todos com muita alegria e banho de cheiro feito pelos pajés.

Surara!