Enquanto as mulheres dedicam em média dezessete horas semanais para tarefas domésticas, os homens gastam bem menos tempo, apenas onze horas semanais. Dados foram revelados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), que aponta uma disparidade significativa entre homens e mulheres nos afazeres domésticos.

Além disso, a pesquisa também revela disparidades salariais significativas. Mulheres com ensino superior completo ganham em média 35% menos do que homens, com uma diferença de R$ 3000 entre os salários médios de ambos os sexos. Essa disparidade salarial persiste mesmo com avanços no acesso das mulheres à educação e ao mercado de trabalho.

O estudo acompanhou a inserção das mulheres no mercado de trabalho entre 2022 e 2023, fornecendo um panorama sobre a realidade das mulheres brasileiras. De acordo com especialistas entrevistados pela ELA, essa disparidade reflete uma estrutura social profundamente enraizada no patriarcado, onde as responsabilidades domésticas são tradicionalmente atribuídas às mulheres.

Em um país com um histórico de escravidão e falta de políticas públicas inclusivas pós-abolição, as mulheres negras enfrentam obstáculos adicionais no acesso à educação e ao mercado de trabalho.

A doutora em Serviço Social Cibele Henriques, especialista em relações de gênero, raça e etnia, ressalta que, embora as mulheres tenham avançado em termos de acesso à educação e emprego, muitas ainda enfrentam uma dupla jornada, conciliando suas responsabilidades domésticas com uma rotina de trabalho exaustiva.

Cibele Henriques ressalta a necessidade de políticas que abordem não apenas a disparidade de gênero, mas também a disparidade racial. Mulheres negras enfrentam desafios adicionais devido à interseção de gênero e raça, com metade delas ganhando até um salário mínimo e uma proporção significativa desistindo de procurar emprego.

Esse contexto desigual reforça a necessidade de políticas públicas que abordem não apenas a disparidade de gênero, mas também a disparidade racial, visando criar oportunidades equitativas para todas as mulheres brasileiras, aponta o estudo.