“É como se a cada ano a mulher trabalhasse 74 dias de graça”, diz pesquisadora.

Foto: Isadora Freixo / Midia NINJA

Uma pesquisa realizada pela consultoria IDados para o G1 trouxe informações atualizadas sobre a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Com base em informações do IBGE, a pesquisa informa que as mulheres recebem cerca de 20% menos do que os homens no Brasil em salário.

“A diferença salarial entre os gêneros segue neste patamar elevado mesmo quando se compara trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação”, informa a pesquisa publicada no G1.

“Quando comparamos grupos que são comparáveis, a mulher ainda ganha 20% a menos. É um problema estrutural na nossa sociedade e que está persistindo, e é preocupante porque ao mesmo tempo as mulheres têm uma escolaridade mais alta do que dos homens”, disse Thais Barcellos, pesquisadora da consultoria IDados ao jornal.

As mulheres ganharam em média 20,50% menos do que os homens no 4º trimestre de 2021, contra 19,70% a menos no final de 2020. A pesquisa também revelou que o rendimento médio, embora tenha encolhido para ambos os gêneros no último ano, teve um recuo maior para as mulheres, atingindo 11,25% de baixa. O recuo do rendimento para os homens foi de 10,42%.

A desigualdade permanece no mesmo patamar de 20% quando comparadas as rendas de hora trabalhadas de homens e mulheres que têm o mesmo perfil de escolaridade, cor e idade, e estão no mesmo setor de atividade e categoria de ocupação.

Foto: Midia NINJA

Desemprego

Quando analisamos as taxas de desemprego, números recordes apontam uma discrepância ainda maior entre homens e mulheres. Durante todo o ano de 2021, os dados apontaram que estávamos no pior ano para as mulheres desde que a pesquisa é feita pelo IBGE.

De 12 milhões de brasileiros desempregados, 6,5 milhões são mulheres, conforme a última pesquisa. A taxa de desocupação dos homens ficou em 9% no final de 2021, enquanto que a das mulheres foi de 13,9%. A maioria das brasileiras em idade de trabalhar estão fora do mercado de trabalho ou em ocupações precárias.

Os números revelam que o país não desassocia os efeitos da crise na economia, que se amplificou diante da pandemia mas especialmente pela instabilidade política do Brasil, a um histórico machismo estrutural que sempre relegou as mulheres à dependência financeira.