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Um vídeo que circula nas redes flagrou o momento em que uma mulher transexual e o namorado foram agredidos na Expoagro, em Franca (SP), durante o show da dupla Henrique e Juliano. Nas imagens, ela tenta separar a briga entre o namorado e outro rapaz quando alguém a desfere dois socos no rosto. O agressor, identificado como o mestre de obras Augusto César, de 30 anos, é retaliado por bater em mulher e ele justifica: “É travesti”.

Ao G1, o casal afirmou que procurou a delegacia e registrou boletim de ocorrência por lesão corporal, com queixa alterada posteriormente para transfobia. O caso foi registrado na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Franca.

A vítima conta que a agressão começou por conta de ofensas transfóbicas que ela estava sofrendo durante o evento. Acompanhada de uma amiga quando saía do banheiro, as ofensas continuaram com gritos de “viadinhos”, “aqui não é lugar de ficar fazendo frescura”, “lacraia”.

“Eles começaram a mexer com a gente, fazer piada transfóbica e aí eu fui perguntar o porquê de eles estarem fazendo isso. Nisso, um dos meninos foi para cima do meu namorado e eles começaram a brigar. Eu fui tentar separar, que é o que mostra no vídeo. Nessa hora, um outro menino vem por trás e começa a me bater”, diz a vítima.

“A todo momento só o que eu estava fazendo era tentar tirar o meu namorado de lá, porque eu estava com medo de ir os dois nele. Muita gente falou para ele que eu era mulher e ele falava ‘não é mulher não, é travesti, tem que apanhar’, algo soando tipo, porque eu não era mulher, eu tinha que apanhar.”

O agressor Augusto César negou ao G1 que agiu por transfobia. Ele disse que quando socou a mulher, outros homens vieram revidar para ele parar de bater em mulher. “Na hora eu falei ‘não é mulher não, é travesti”, disse, reforçando a transfobia em depoimento ao jornal. “Estão me questionando que eu falei que tinha que bater em travesti, mas eu não falei isso, eu falei ‘ela não é mulher, ela é travesti’, porque os caras iam bater em mim”.

Durante todo o dia, diversos usuários nas redes exigiram um posicionamento da Expoagro. Em nota enviada ao UOL, a organização da Expoagro Franca afirmou que a equipe de segurança do evento foi acionada para prestar atendimento, mas não encontrou as vítimas. Segundo a Expoagro, a organização está em contato com as autoridades para “auxiliar no que for preciso”.

“A organização da Expoagro Franca vem a público repudiar qualquer ato de violência e agressão durante o evento. As cenas desse registro servem de alerta para toda sociedade e a organização reitera o seu total apoio às vítimas”, disse posicionamento.

O advogado, ativista LGBT e ex-candidato a vereador de Franca, Guilherme Cortez, compartilhou o vídeo nas redes e exigiu medidas de segurança além de um posicionamento público. “Quais medidas serão tomadas para prevenir novas agressões? E para intervir de forma rápida e eficaz caso elas aconteçam, como não ocorreu ontem? Quais formas de reparação de danos pra comunidade LGBT o evento vai utilizar? Até agora não sabemos”.