Após hiato de cinco anos, produção camponesa de assentamentos e acampamentos de todo o país estarão no Parque da Água Branca em maio

1° Feira da Reforma Agrária – Foto: Joka Madruga

A espera foi longa, mas a Feira Nacional da Reforma Agrária (Fenara), do MST, estará de volta em 2023. Agricultoras e agricultores, vindos dos quatro cantos do Brasil, trazem à capital paulistana sua produção in natura e agroindustrializada com o sabor marcante das lutas camponesas, entre os dias 10 e 14 de maio.

Assim como nas edições anteriores, a Feira acontece tradicionalmente no Parque da Água Branca, região central da cidade de São Paulo (SP), com facilidade de acesso por transporte público como metrô e terminal de ônibus.

“Temos que agradecer o empenho do secretário de governo Kassab, que ajudou com que, depois de cinco anos, tivéssemos o Parque da Água Branca liberado para nós, coisa que o governo Dória não permitiu”, conta João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST.

Cinco anos após a última edição, a Feira Nacional da Reforma Agrária traz em cada produto cada marcha, cada ocupação de terra que o Movimento realizou, com o objetivo de construir um modelo de vida digno no campo, com produção de alimentos saudáveis e mais renda para o trabalhador.

Comida de qualidade no campo e na cidade

1° Feira da Reforma Agrária – Foto: Joka Madruga

A Feira Nacional deste ano traz também a perspectiva do momento político e social que o país passa hoje, em especial a denúncia sobre o aumento da fome, causado principalmente pelo avanço do modelo do agronegócio violento e cruel, que exclui camponeses, concentra a terra e destrói a natureza com o aumento das queimadas e uso excessivo de agrotóxicos.

“Temos um problema gravíssimo no Brasil com o tema da fome. Fazer a feira, neste momento, é a sinalização de que alimento saudável também é um ato político e que tem que ser discutido com a sociedade, como a solidariedade, como a alimentação para escolas e merenda escolar”, lembra João Paulo.

O MST então faz um contraponto de que é possível produzir comida de qualidade sem que haja trabalho escravo, sem que haja quantidade imensa de agrotóxico e que tenha um mínimo de justiça social na produção dos alimentos”, completou.

Durante a Feira, a comercialização de alimentos saudáveis dos assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária vem acompanhada de uma vasta programação, que inclui também a venda de sementes, artesanato e literária, além de seminários de formação, atividades político-cultural, conferências e outros eventos internos.

A programação cultural seguirá sendo gratuita, e contará com participações especiais de artistas da cultura popular. Para João Paulo, a feira volta a São Paulo para dialogar com a cidade e para sinalizar para o governo Lula da importância da Reforma Agrária.

“Será uma espécie de prestação de contas do que é os 40 anos de luta, de resistência e de organização do MST, com as produções agrícolas dos assentamentos. A nossa meta é trazer mais de 1.500 itens de produtos diferenciados, de mais de 1.200 municípios onde o MST está organizado. Ou seja, será um grande ato político em defesa dos alimentos, da reforma agrária e da agroecologia”.

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