Ikumi Sekine atuando como voluntária na Copa do Mundo 2014, no Brasil. Foto: Arquivo Pessoal

Por Cristina Dominghini Possamai

Aos 55 anos, a japonesa Ikumi Sekine descobriu há duas décadas que poderia estar muito mais perto da emoção do esporte. Morando na Austrália, ela acompanhou in loco as Olimpíadas de 2020 e descobriu a possibilidade de atuar como voluntária nos mais variados eventos esportivos.

“Fui assistir às Olimpíadas de Sydney. Essa foi a primeira vez na minha vida que presenciei os Jogos Olímpicos e descobri que podemos nos envolver através do voluntariado”, conta Ikumi, que trabalha na atual sede da Copa do Mundo Feminina em um call-center.

Desde então, ela acumula participações nas mais diferentes competições esportivas, aproveitando para conhecer novos países, culturas e criar laços de amizade. Para ela, esses foram os eventos mais memoráveis que fez parte como voluntária:

  • Jogos Olímpicos de Atenas 2004 na Grécia
  • Jogos da Commonwealth de 2006 em Melbourne, Austrália
  • Copa do Mundo de Basquete 2006 da FIBA em Sapporo, Japão
  • Copa do Mundo de Rugby de 2007, na França
  • Universíade (Jogos Universitários) de 2009 em Belgrado, Sérvia
  • Copa do Mundo Feminina Sub-17 da FIFA de 2008 em Auckland, Nova Zelândia
  • Copa do Mundo FIFA de Futebol em 2014, em Curitiba, Brasil
  • Copa da Ásia (AFC Asian Cup) de Futebol de 2015, em Sydney, Austrália
  • Campeonato Asiático de Vôlei de Praia de 2016 em Sydney, Austrália
  • Jogos Olímpicos 2016 no Rio de Janeiro, Brasil
  • Copa do Mundo FIFA de Futebol de 2018, na Rússia
  • Circuito Mundial de Vôlei de Praia de 2019 em Sydney, Austrália
  • Campeonato Sub-21 da UEFA de 2019 em San Marino, Itália
  • Copa do Mundo de Basquete Feminino de 2022 em Sydney, Austrália
  • Copa do Mundo Feminina de Futebol de 2023 em Sydney, Austrália

Da Copa do Mundo de 2014 no Brasil para a Copa Feminina de 2023

Em 2014, Ikumi passou algumas semanas atuando no setor de Operações de Imprensa, na então Arena da Baixada, em Curitiba (PR) durante a Copa do Mundo de Futebol. Até hoje, o Mundial masculino no Brasil foi a competição mais distante em que atuou.

“Conheci muitos brasileiros incríveis e, claro, voluntários com quem trabalhei e todos eles foram muito gentis em me apresentar ao modo de vida brasileiro, sua cultura, comida etc”, lembra, destacando que “antes de partir, recebi uma bandeira do Brasil com dedicatória especial de um voluntário que trabalhou comigo na ocasião”.

Ikumi Sekine com o grupo de voluntários na Copa do Mundo 2014, no Brasil. Foto: Arquivo Pessoal

Diferente do que aconteceu no Brasil para a Copa de 2014, ela conta que “nenhum novo estádio foi construído” na Austrália visando ao Mundial Feminino deste ano. Entretanto, a Copa Feminina quebrou recordes dentro e fora das quatro linhas com estádios e eventos festivos relacionados aos jogos lotados.

A empolgação por sediar uma competição histórica para o futebol de mulheres seguiu inabalada, apesar de percalços ao longo do caminho. O primeiro episódio foi justamente a eliminação precoce da seleção brasileira na fase de grupos. O empate sem gols diante da Jamaica resultou na despedida verde e amarela.

“É claro que todos aqui na Austrália achavam que o Brasil era um dos quatro ou cinco seleções com mais chances de vencer e todos sabíamos que este seria o último Mundial para Marta. Então quando o Brasil saiu da Copa na fase de grupos, ficamos todos muito tristes”, confessa.

As Matildas

As australianas não apenas jogaram em casa, mas conseguiram aproveitar o ‘fator casa’ ao máximo. Conforme o Portal Uol, três jogos das Matildas registraram o maior público do Mundial, com quase 76 mil pessoas.

Lideradas pela experiente atacante Sam Kerr, elas alcançaram a melhor campanha da história em Mundiais Femininos. “A seleção australiana tinha grandes expectativas para terminar entre os 4 primeiros, o que alcançou e o entusiasmo da torcida aumentou conforme a Copa foi avançando”.

Até a edição deste ano, a Austrália nunca havia passado das quartas de final. De fato, as australianas chegaram muito perto de avançar para uma decisão inédita no duelo contra a Inglaterra, nas semifinais. “Perder a semifinal em casa foi muito doloroso porque a seleção australiana teve poucas chances de empatar com a seleção inglesa”.

Entretanto, a percepção de Ykumi é que o principal legado desta edição – realizada também na Nova Zelândia – será o crescimento dos apaixonados por futebol, especialmente, os mais jovens. “Acho que o futebol tem potencial para crescer ainda mais neste país e o envolvimento da geração mais jovem é algo a se notar”, finaliza.

Partiu Paris 2024?

O trabalho voluntário de Ykumi se encerra neste domingo, 20, com a decisão da Copa entre Espanha e Inglaterra. E, o próximo objetivo pode colocá-la novamente como testemunha de uma última participação da Rainha Marta com a seleção brasileira.

A camisa 10 da seleção brasileira já afirmou publicamente que se despediu das Copas do Mundo, mas não descarta de estar em mais uma Olimpíadas. E, a Olimpíada Paris é justamente onde Ykumi pretende estar no ano que vem.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube