Mais de 1 milhão de argentinos lotaram as ruas da Argentina nesta terça-feira (23) em uma manifestação histórica contra os cortes no orçamento das universidades públicas promovidos pelo governo de Javier Milei. Somente em Buenos Aires, cerca de 500 mil pessoas participaram, segundo estimativas da Universidade de Buenos Aires (UBA). O protesto refletiu a profunda insatisfação da população diante das medidas de austeridade e dos cortes no orçamento.”

A marcha, que teve início no Congresso Nacional e seguiu em direção à icônica Plaza de Mayo, contou com a presença maciça de estudantes, referentes da cultura e dos direitos humanos, representantes sindicais e figuras proeminentes da política argentina, incluindo o ex-ministro da Economia Sergio Massa e o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof.

Em um momento emblemático, um documento compartilhado por representantes do movimento foi lido em voz alta, enfatizando a necessidade urgente de proteger o acesso à educação superior gratuita e de qualidade.

Entre a multidão, figuras proeminentes como Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, demonstraram apoio à causa, ressaltando que ‘a educação é fundamental para formar homens e mulheres livres’.

Sob o lema “em defesa da universidade pública argentina”, os manifestantes ergueram faixas exigindo o aumento do financiamento para as instituições de ensino superior, destacando a importância da educação como um direito fundamental. Entre os slogans presentes estavam “defendam as universidades públicas” e “estudar é um direito”.

O contexto político e econômico da Argentina tem sido marcado pelo aumento da pobreza e da fome, com o governo de Milei implementando cortes orçamentários agressivos, conhecidos como “plano motosserra”.

Os cortes no setor público têm gerado preocupações em toda a sociedade, especialmente entre as universidades públicas, cujo ato desta segunda (23) é contra o congelamento do orçamento das universidades públicas para 2024, apesar da inflação anual de 287,9% registrada em março.

No início de abril, a Universidade de Buenos Aires declarou emergência orçamentária e se uniu à marcha universitária federal contra os cortes de financiamento propostos por Milei. A Argentina, onde a educação pública é gratuita, possibilitando que mais de 4 milhões de pessoas façam parte do sistema educacional, viu cinco ganhadores do Prêmio Nobel passarem pela Universidade de Buenos Aires, reconhecida como uma das mais importantes da América Latina e ocupando a 50ª posição no ranking mundial de universidades.