Por Rai Freitas

Milady France Eremita Feitosa é a primeira mulher indígena Borari a conquistar o título de advogada. Sua trajetória é uma celebração da cultura, da perseverança e do desejo inabalável de proteger as terras ancestrais e os direitos das comunidades indígenas.

Descendente de indígenas Borari por parte de sua mãe e com raízes Wai Wai e Munduruku por parte de seu pai, Milady cresceu imersa na rica herança cultural de sua família. A consciência ambiental sempre foi um pilar em sua vida, despertada pelo profundo respeito pela floresta e sua comunidade.

A jornada de Milady foi marcada por desafios significativos. Ela frequentou escolas públicas, sem acesso a cursinhos preparatórios ou recursos financeiros abundantes, tornando sua jornada acadêmica ainda mais árdua. Em 2013, Milady ingressou no curso de Direito da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), enfrentando obstáculos em um ambiente frequentemente elitizado.

No entanto, com determinação inabalável, Milady perseverou e concluiu seu curso com êxito em 2018, conquistando o título de bacharel em Direito.

Após se tornar bacharel, Milady sentiu um chamado ainda mais forte para retornar à sua aldeia e contribuir com sua comunidade. Foi calorosamente recebida pela associação indígena local e pelos caciques e rapidamente se envolveu no projeto CUIA, cujo objetivo era levar conhecimento jurídico e espaços de discussão para as terras e lideranças indígenas. Milady também começou a auxiliar em conflitos, como a luta pelo direito à educação diferenciada em sua aldeia.

Determinada a fazer ainda mais, Milady decidiu se preparar para o Exame da Ordem, ampliando suas capacidades legais para ajudar sua comunidade. Hoje, como advogada, ela realiza seu sonho de proteger e defender aqueles que, como ela, muitas vezes foram privados de voz e justiça.

Milady France Eremita Feitosa é um exemplo notável de determinação, amor pela Amazônia e respeito às tradições indígenas. Sua conquista como a primeira mulher indígena Borari a se formar em Direito é um marco na luta pelos direitos indígenas e um farol de esperança para as futuras gerações.