Por Nathalia Medina

Aos 38 anos, Megan Rapinoe anunciou que a Copa do Mundo Feminina de 2023 seria sua última jogada no torneio. Mas antes de se despedir, ela construiu uma carreira brilhante e liderou a hegemonia do futebol feminino dos EUA ao longo dos anos.

Seus feitos e conquistas despertaram a admiração de torcedores ao redor do mundo. Mais do que uma talentosa atacante da seleção feminina dos Estados Unidos, ela é uma verdadeira inspiração dentro e fora dos campos. Seu estilo inconfundível, com cabelos pintados de rosa, é apenas o começo de uma personalidade marcante, repleta de representatividade e lutas pelos direitos humanos e LGBTQIA+.

Desde criança, o futebol esteve presente na vida de Rapinoe, influenciada pelo seu pai, um treinador de futebol. Sua jornada a levou ao Red Chicago Stars, ao Lyon e, desde 2013, ao OL Reign, nos Estados Unidos. Sua relação com o Mundial sempre rendeu pódios, mas desta vez foi diferente.

Na Copa do Mundo de 2011, levou o EUA às quartas de final, mas o título escapou. Em 2015, a revanche veio com uma vitória espetacular contra o Japão na final. O ano de ouro foi 2019, quando Megan Rapinoe foi eleita a craque da Copa do Mundo da França e conduziu os EUA ao bicampeonato.

Com a eliminação dos EUA na atual Copa do Mundo, inicia-se a sua despedida dos campos, mas, Megan Rapinoe deixa um legado como líder, ativista e referência para as novas gerações, mostrando que o futebol é muito mais do que um esporte, é uma plataforma para a mudança e a igualdade. Sua personalidade forte e engajamento social fazem dela um ícone que inspira mulheres e jovens em todo o mundo a lutarem por seus sonhos e direitos.

Ao longo dos quase 13 anos com a seleção dos Estados Unidos, Rapinoe conquistou títulos e corações, provando que é possível ser uma atleta de sucesso e uma ativista comprometida com causas sociais. Sua ausência nos gramados será sentida, mas seu legado seguirá em todos os que se inspiraram com sua garra, talento e comprometimento.

Megan Rapinoe recebe prêmio de melhor jogadora do mundo — Foto: Reuters

Principais números da carreira de Megan Rapinoe

Gols

Por clubes: 60
Pela seleção: 63

Premiações individuais

Bola de Ouro: 2019
Melhor Jogadora do Mundo pela Fifa: 2019
Bola de Ouro da Copa do Mundo Feminina: 2019
Chuteira de Ouro da Copa do Mundo Feminina: 2019

Além disso, ela também está envolvida em organizações que lutam contra desigualdades e bullying nas escolas nos Estados Unidos. Seu engajamento em questões sociais foi tão significativo que no ano passado ela se tornou a sexta mulher esportista a receber a Medalha Presidencial da Liberdade, honraria concedida pelo presidente Joe Biden em reconhecimento ao seu trabalho em prol da sociedade.

A líder da seleção americana feminina de futebol, Megan Rapinoe, é uma crítica contundente do ex-presidente Donald Trump e não esconde sua opinião sobre as políticas adotadas por ele. Em uma entrevista à Vice TV, quando ainda era considerada a melhor jogadora do mundo pela Fifa, ela expressou suas preocupações sobre o futuro dos Estados Unidos sob a liderança de Trump, classificando-o como um “nacionalista branco” que causou divisão e aumentou o medo e ansiedade entre as pessoas.

Questionada sobre a possibilidade de se candidatar a um cargo político, Rapinoe admitiu que seria um começo para ela. Seu sonho seria se tornar a presidente dos Estados Unidos, e ela abraçaria essa posição com firmeza. No entanto, ela também destacou que escolheria os mais inteligentes, qualificados e competentes para ajudá-la em suas funções, buscando sempre fazer o melhor trabalho possível.

Além de sua atuação dentro de campo, Rapinoe foi uma figura de destaque na luta das seleções femininas dos Estados Unidos por salários e condições iguais às dos homens. Esse empenho levou a ações judiciais e, eventualmente, à assinatura de um novo acordo coletivo em 2021, que representou uma importante conquista para as jogadoras.

Com sua atitude destemida e liderança exemplar, Megan Rapinoe deixa uma marca inegável não apenas no futebol, mas também na luta por igualdade e justiça social. Sua voz se estende além dos campos, influenciando e inspirando pessoas de diversas origens e orientações. Sua atuação nos campos e sua dedicação às causas sociais são um exemplo notável de como o esporte pode ser uma plataforma poderosa para promover mudanças positivas na sociedade.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube