Por Patrick Simão / Além da Arena

Wimbledon e US Open são dois dos maiores eventos esportivos do mundo. Uma das semelhanças entre estes torneios é o reinado de uma brasileira: Maria Esther Bueno, tricampeã de simples e penta nas duplas de Wimbledon, e tetracampeã em simples e duplas no US Open.  Ao todo, ela conquistou 19 Grand Slams em toda a sua carreira e foi por 4 anos a melhor jogadora do mundo.

Maria nasceu em 1939, em São Paulo, e se profissionalizou em 1957, aos 18 anos. Neste período, era muito difícil para uma sul-americana disputar o circuito, devido aos longos meses fora de casa e altos custos para viagens. Os principais torneios aconteciam na Europa e nos Estados Unidos e o espaço era restrito para os sul-americanos. A brasileira rompeu essa barreira.

Logo em sua segunda temporada como profissional, Maria brilhou pela primeira vez, conquistando o título de duplas em Wimbledon. No ano seguinte, em 1959, se tornou conhecida no mundo todo e levou o Brasil ao topo do tênis: com 20 anos, foi campeã de Wimbledon e do US Open, sendo eleita a melhor tenista do mundo. Ela foi a primeira sul-americana da história, entre mulheres e homens, a conquistar um Grand Slam, em um período dominado por estadunidenses, britânicos e australianos.

Foto: Arquivo

Em 1960, a paulistana ganhou o bicampeonato de Wimbledon e conquistou um feito inédito: foi campeã dos 4 Grand Slams no mesmo ano, nas duplas. A brasileira foi acometida por lesões em 1961 e 62, mas voltou às grandes conquistas com o título do US Open em 1963, vencendo Margaret Court na final, em grande rivalidade da época. Em 1964, voltou a vencer Court na final, agora de Wimbledon, e em seguida ganhou o US Open. Seu 7º Grand Slam nas simples foi na reta final da sua carreira, em 1966, com o tetracampeonato do US Open.  Ao longo destes anos, a brasileira também acumulou 11 Grand Slams nas duplas e 1 nas duplas mistas, conquistando o posto de melhor do mundo em 1959, 1960, 1964 e 1966.

Maria foi pioneira e revolucionária. Seu estilo de jogo, com o saque e voleio, influenciou as gerações futuras e lhe deu a alcunha de “bailarina das quadras.” A brasileira colocou o Brasil no topo do mundo, sendo símbolo da expansão das mulheres no país, representando autonomia e sucesso. Ela foi precursora para o tênis sul-americano, referência para as mulheres no Brasil e um dos maiores nomes do esporte nacional.

Seus vestidos também pautaram a moda feminina brasileira nos anos 60, visto que Maria era a maior referência feminina do Brasil para o mundo:  “O vestido trouxe uma liberdade, começou uma história do empoderamento feminino. Minha tia acho que foi uma das precursoras disso” disse seu sobrinho André, em entrevista ao Globo Esporte. 

É impossível dissociar Wimbledon e o US Open de Maria Esther Bueno. É impossível falar de brasileiras no esporte sem falar de Maria Esther. Seus legados são imensos: além de ser uma das maiores atletas da nossa história, ela representou muito para a expansão feminina no Brasil e para o esporte sul-americano. Maria recebeu homenagens em todo o mundo. Ela faleceu em 2018, mas seu legado e conquistas precisam ser eternizados.

Foto: Arquivo