“Quem lucra com as ameaças deve ser punido. Temos de combater a desinformação com educação, com cultura, com difusão do conhecimento”, declarou Manuela D’ÁVila

Manuela D’Ávila participa de encontro em Manaus organizado pela Casa NINJA Amazônia, Unegro, UJS e outras organizações. Foto: Via Instagram /@mi_andrews

Na última quinta-feira (11), Manuela D’Ávila, jornalista, escritora e ex-candidata à vice-presidência da República pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), realizou uma série de eventos em Manaus, abordando o poder destrutivo das fake news. Para a política gaúcha, um dos desafios enfrentados pelos grupos de esquerda é mostrar que a indústria da desinformação é nociva, pois incita o ódio, reforça comportamentos negativos, como a intolerância, e impede o desenvolvimento de uma sociedade justa e igualitária, principalmente nas disputas por cargos no parlamento e no Poder Executivo.

Como vítima de inúmeras fake news ao longo de sua carreira política, Manuela ressaltou que o processo de desconstrução da imagem por parte dos adversários tem se intensificado, especialmente após a utilização em massa das redes sociais. Ela lembrou que, quando foi eleita vereadora de Porto Alegre pela primeira vez, aos 22 anos, em 2004, as mentiras demoravam para se espalhar. Agora, além de afetar sua honra, as fake news colocam sua família em risco permanente. Foi por isso que ela decidiu se afastar do processo eleitoral de 2022.

Manuela afirmou que o Projeto de Lei das Fake News (PL 2630), que regula as plataformas digitais, deve ser aprovado com urgência. Segundo a política gaúcha, a lei é para proteger a sociedade brasileira. Uma pessoa que dissemina fake news espalha o terror, prega atos antidemocráticos e pode ser punida. Mas o meio utilizado (plataforma) está ileso. Isso não pode acontecer. As plataformas são responsáveis porque distribuem seletivamente o que ganha repercussão. Quem lucra com as ameaças deve ser punido.

Foto: Via Instagram/@mi_andrews

Tanara Lauschner, professora da Universidade Federal do Amazonas, pesquisadora da área de computação, co-fundadora do Cunhantã Digital e consultora do Programa Meninas Digitais, apoiou o posicionamento de Manuela D’Ávila e afirmou que as plataformas não seguem regras. Elas são julgadas por nos intoxicar e sequer recebem notificação. As plataformas não são neutras, sabem bem o que distribuem. Não há artigo no PL 2630 de censura. Não é o PL perfeito, é o possível neste momento.

Para Manuela, é necessário combater a desinformação com educação, cultura e difusão do conhecimento. As fake news prejudicam a sociedade como um todo e devem ser tratadas como um problema sério, que merece a atenção das autoridades e de todos os cidadãos.

Nesta agenda, ela estava acompanhada do ex-deputado federal José Ricardo (PT) e de Anne Moura (PT), que fez campanha disputando o cargo de vice-governadora do Amazonas. Na ocasião, a ex-deputada visitou a recente Casa Coletiva, que vai reunir ativistas, produtores e artistas em uma agenda permanente de ocupação na cidade de Manaus.

Uma das organizadoras do evento, a produtora cultural Michelle Andrews, que no ano passado integrou a Bancada das Manas (candidatura coletiva de cinco mulheres que disputaram uma vaga na Assembleia Legislativa do Amazonas pelo PCdoB), a vinda de Manuela abriu novos horizontes de reflexão. A aproximação com as camadas sociais mais baixas é fundamental assim como uma mudança de comportamento por parte dos eleitos.

“Parece que há uma desconexão total entre a pessoa que disputa uma campanha e a mesma pessoa depois que assume um cargo eletivo. Os eleitos esquecem as propostas e se dedicam a causas pessoais. Por isso, as pessoas estão sem esperança. Elas não acreditam mais no parlamento. Elas não acreditam mais que a gente possa defender nossa cidade, nosso país. Elas não acreditam mais que a gente possa mudar uma realidade por meio de leis. Só iremos contornar isso a longo prazo e com políticos comprometidos com as demandas que os elegeram”, disse Michelle Andrews.