Foto: Mídia NINJA

A Câmara dos Deputados promoveu na tarde dessa terça-feira (6) um seminário para debater a necessidade de implementação da Política Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos – Pnara. Objeto de uma Comissão Especial na Casa, foi feita a leitura do relatório do Projeto de Lei 6.670/2016, cujo teor fomenta a produção agrícola baseada nos sistemas agroflorestais agroecológicos.

Para Carla Bueno, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o seminário “fecha o ciclo de construção da Pnara, um amplo processo de debate iniciado junto à sociedade civil em 2012”. Carla defende uma transição agroecológica no campo.

“Isso diz respeito a nossa saúde, existem numerosos estudos que ligam o uso intensivo de agrotóxicos a diversas doenças, como a depressão e o câncer”.

Esta relação com a saúde pública também foi lembrada pelo deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), sub-relator da Comissão Especial da Pnara e autor do requerimento para a realização do seminário. “Em Santa Catarina, o meu estado, a maior causa de mortes da população é o câncer e isso está intimamente ligado ao pesado uso de agrotóxicos nas lavouras catarinenses”, sugeriu o parlamentar.

Entidades da sociedade civil que trabalham a temática estão preocupadas com o avanço do uso de agrotóxicos. Fran Paula, da Fase (ONG agroecológica ligada a Articulação Nacional de Agroecologia) é taxativa: “as ameaças a nossa saúde tendem a crescer devido ao pacote do veneno em tramitação na Câmara dos Deputados”. Ela acredita que somente com políticas de incentivo à produção orgânica isso pode ser evitado.

“A bancada ruralista é forte e o governo, atual e eleito, são favoráveis à entrada de novos agrotóxicos no país”.

A Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) também manifesta preocupação com o avanço do PL 6.299/2002, o “pacote do veneno”. “Os impactos negativos de uma eventual aprovação desta lei não se restringem à saúde humana, mas também prejudicam o meio ambiente”, lamentou Murilo Mendonça, da ABA. “Querem permitir o uso de agrotóxicos no Brasil que são banidos no resto do mundo”, denunciou.

O Brasil pode liderar um movimento mundial de transição agroecológica, defendem os especialistas ouvidos pela nossa reportagem. Basta lembrar que o MST é o maior produtor de arroz orgânico do planeta. “É hora de fazermos uma transição agroecológica no campo e nós temos todas as condições de liderar esse processo”, finalizou Carla Bueno, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.