Foto: Mídia NINJA

Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, a Humans Rigths Watch falou sobre seu relatório Máfias do Ipê, lançado na terça-feira, dia 17.

O documento fala sobre o desmatamento e violações de direitos humanos e defensores do Meio Ambiente. Mais de 300 pessoas foram assassinadas na última década em contexto de conflitos de terra e recursos naturais na Amazônia, muitas por grileiros e madeireiros, envolvidos em extração ilegal. Esses dados foram compilados pela Comissão Pastoral da Terra, que também esteve na audiência.

Os representantes da Humans Rigths presentes na audiência reforçaram a política do atual governo como prejudicial e perigosa, por ser conivente com discurso de ódio, diminuir órgãos de fiscalização como Ibama e ICMbio, além de perseguir e criminalizar ongs que trabalham com povos indígenas, meio ambiente e ribeirinhos. Isso colabora com o aumento da crise ambiental e impunidade.

“Quando você vê na tv as imagens das queimadas, você não vê a violência por trás. Tem outro nível que as pessoas não sabem. Que é contra os povos indígenas, contra as pessoas que vivem lá, contra os agentes do estado, que nunca estiveram tão vulneráveis quanto estão agora. Antes era ruim mas pelo menos tinham o apoio do estado. Agora estão sozinhos”, diz Cesar Muñoz, pesquisador Sênior da Humans Rigth Watch.

Segundo dados da CPT, dos 300 assassinatos, apenas 14 foram levados a julgamento. E dos 28 mapeados pela HRW, apenas 2 foram julgados.

“Está pior agora com esse governo. Essa política antiambientalista de Bolsonaro coloca ambientalistas e pessoas que querem lutar pelo meio ambiente em mais risco do que nunca.”, diz Daniel Wilkinson, Diretor da Divisão de Direitos Humanos e Meio Ambiente da Humans Rights Watch.

Cesar Muñoz também falou sobre o cuidado dos povos indígenas com a floresta, mostrando imagens onde se vê que partes não desmatadas são onde estão esses povos e as brigadas de guardiões da floresta, montadas por eles mesmos. Durante os 8 primeiros meses do governo Bolsonaro, o desmatamento quase dobrou. E confrontado, Bolsonaro demitiu o diretor do órgão que revelou os dados escabrosos sobre a Amazônia.

Raione Lima Campos é Coordenadora da prelazia de Itaituba, da Comissão da Pastoral da Terra, que também lida diretamente com a violência comenta que hoje em dia, o desmatamento e as intimidações acontecem a luz do dia pela certeza de impunidade. ” Essa organização criminosa está legitimando essa violência. O discurso do presidente tem legitimado essa violência. Essas ameaças não são mais tímidas, os caminhões que saiam a noite, agora saem de dia, a derrubada de madeira é escancarada”.

Daniel e César comentam na audiência que em outros países, quando relatórios como esse são apresentados, o governo os recebe. No Brasil, Ministério do Meio Ambiente não respondeu sobre agenda solicitada.

O relatório Máfia dos Ipês está disponível na integra no link.