Foto: Coletivo de Comunicação do MAB

Atingidos e atingidas da bacia do Paraopeba, organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), se reuniram nesta terça-feira (4) com os membros da força-tarefa das instituições de justiça para discutir as pautas dos atingidos frente ao crime da mineradora Vale. Participaram da reunião representantes do Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública Estadual e Defensoria Pública da União, além da representação dos atingidos e atingidas.

Foi reivindicado o restabelecimento integral e a ampliação do pagamento emergencial em decorrência das chuvas e inundações do começo do ano, que aumentaram as áreas contaminadas pelo rejeito da Vale.

Foto: Coletivo de Comunicação do MAB

Michelle Oliveira, atingida de Citrolândia, reclama do auxílio emergencial. “É uma humilhação muito grande pra nós enquanto comissão de atingidos e moradores da comunidade, ter que provar que você, dentro daquele perímetro, realmente mora ali. Até hoje eu tenho que ficar provando que eu to ali pra poder receber esse auxílio emergencial” indaga. O marido dela desde outubro não recebe o auxílio, mesmo com os comprovantes de residência e certidão de casamento.

Também foi colocada a necessidade do fornecimento de água e insumos para animais para todas as comunidades atingidas, tendo em vista a insegurança frente a qualidade da água do rio Paraopeba. Warley Rodrigues de São Joaquim de Bicas, sobre a saúde dos atingidos, relata que “na comunidade está tendo muita reincidência de coceira e problemas na pele, todo dia é uma criança indo pro hospital”.

Foto: Coletivo de Comunicação do MAB

Os atingidos exigiram ainda a ampliação da participação seus representantes nos espaços de negociação com a Vale e no diálogo direto com a força-tarefa. E reafirmaram que sem a imediata contratação das assessorias técnicas, os atingidos ficam limitados quanto à solução das questões emergenciais ainda não solucionadas, bem como à efetivação de sua participação junto às negociações.

Como encaminhamentos, o MAB solicitou que na audiência do próximo dia 13 de fevereiro, seja levada ao juiz a demanda do retorno do auxílio emergencial e que seja requerido que a Vale informe em juízo todas as pessoas que estão com o pagamento suspenso na bacia do rio Paraopeba e a razão pelo qual elas não estão recebendo. Além disso, foi pedido que se garanta que as assessorias técnicas sejam aprovadas ainda nesse mês, a continuidade dos programas emergenciais que a Vale está cortando.

Diante da falta de água para o consumo humano e para os animais, foi solicitado que as instituições pressionarem o Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM – para informações sobre os poços artesianos das casas atingidas. Foi debatida a necessidade de um plano emergencial para as moradias nas regiões de risco, expostas a lama, principalmente depois das enchentes, a realização de uma reunião com os atingidos e as Assessorias Técnicas já escolhidas para discutir a lama tóxica que invadiu as casas com as chuvas, além da continuidade das buscas das vítimas que ainda não foram encontradas.