Movimento pode criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo, diz Financial Times

Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

“Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”, escreveram Lula, presidente do Brasil, e Fernández, presidente da Argentina.

É a primeira grande aposta das duas grandes potências da América do Sul, após a criação do Mercosul, com o objetivo de avançar na integração econômica no Sul. A ideia foi apresentava oficialmente em um artigo conjunto assinado pelos dois presidentes. O texto assinado pelos chefes de Estado, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos, foi publicado neste domingo, 22, no diário argentino Perfil.

O ‘Sur’, como tem sido chamada a proposta de moeda comum é diferente do Euro, que concentra as transações comerciais do bloco europeu. A ideia da moeda comum foi levantada originalmente em artigo escrito no ano passado por Fernando Haddad e Gabriel Galípolo, hoje ministro da Fazenda e secretário-executivo do ministério, respectivamente, e chegou a ser citada por Lula durante a campanha.

No artigo, os dois presidentes também condenam todas as formas de extremismo antidemocrático e violência política, em uma  referência aos atentados, de duas semanas atrás em Brasília, contra as sedes dos três poderes da República. “Os laços entre Argentina e Brasil se sustentam na consolidação da paz e da democracia. Queremos democracia para sempre. Ditadura nunca mais.”

Segunda maior moeda comum do mundo

Apesar de ser um diário pouco conhecido no Brasil, o artigo publicado no Perfil repercutiu nos grandes jornais argentinos, como o Clarin. O britânico Financial Times também deu espaço hoje para a criação da moeda comum.

Segundo reportagem do Financial Times, o movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo, atrás apenas do Euro.

O ministro da economia argentino, Sergio Massa, afirmou ao veículo inglês que serão estudados os parâmetros necessários para uma moeda comum.

“Haverá uma decisão de começar a olhar para os parâmetros necessários para uma moeda comum, que inclui desde questões fiscais até o tamanho da economia e o papel dos bancos centrais”, informou o ministro da Economia, Sergio Massa ao jornal britânico.

A medida que pode impulsionar a economia argentina precisa de “um estudo dos mecanismos de integração comercial”, acrescentou Massa em declarações ao FT. “Não quero criar falsas expectativas, mas é o primeiro passo de um longo caminho que a América Latina deve percorrer”, afirmou.

O ministro garantiu ainda que a iniciativa não se limitará a apenas dois países, mas que serão convidadas outras nações da região que queiram participar. Se assim for, poderá tornar-se um instrumento semelhante ao euro e representar 5% do PIB mundial.

Siga @emergentesmedio, no Instagram, e acompanhe as notícias da América Latina.