Imagem que mostra impacto do garimpo no rio Uraricoera, na Terra Indígena Yanomami (Foto: Bruno Kelly/HAY)

 

A atividade garimpeira ilegal gera destruição generalizada, com acúmulo de danos diversos, principalmente, ambientais e sociais. O relatório Yanomami Sob Ataque, recém-divulgado pelas associações Hutukara e Ye´kwana revela graves impactos das invasões que além de causarem a destruição de florestas e rios, têm resultado em diversos casos de aliciamento de jovens, abusos sexuais de mulheres, crianças e adolescentes, além do aumento de casos de malária e suspensão de serviços de saúde.

À Amazônia Real, o presidente da Associação Wanasseduume Ye´Kwana (Seddume), Julio Ye´kwana comentou o relatório. Ele disse que animais que servem de alimento para os indígenas estão sendo caçados pelos garimpeiros, apenas por diversão.

“Não tem mais caça perto das comunidades. Os garimpeiros estão matando anta, porcão [porco-do-mato ou queixada]. Matam só por matar, para brincar, colocar no rio e deixar boiar. Nós dependemos do mato. Estão matando nossos alimentos, nossas carnes, nossos peixes. Não queremos que essa destruição aconteça”, disse Julio.

Ele mora em uma comunidade da calha do rio Uraricoera, na região de Palimiú e relatou à reportagem que o rio Uraricoera, o principal do território Yanomami, está “destruído, morto, barrento”. “Não tem mais como pescar”, desabafou.

Julio desabafou que denúncias são feitas incessantemente, mas nada acontece. “A gente faz denúncia, os policiais entram, mas não conseguem retirar os garimpeiros Eles não prendem e nem apreendem. Nós que moramos nas comunidades sabemos o que acontece. Não queremos mais esse governo Bolsonaro. Depois que ele assumiu, aumentou mais o garimpo. Muito, muito, muito. Ele acabou com as instituições, principalmente a Funai, que virou inimiga dos povos indígenas”, disse à Amazônia Real.

A liderança disse ainda que o que acontece na Terra Indígena Yanomami, com a atividade do garimpo funcionando ilegalmente e sem punição, pode se estender a outros territórios indígenas caso o PL 191, que libera a mineração em TIs seja aprovado.

“Vai ser muito sério, vai matar muita gente. Se o PL 191 for aprovado, vão acontecer muitos problemas. A população das comunidades vai morrer de fome. Vai ter doenças, câncer. Dizem que se for legalizada a mineração vai trazer benefício. Isso é mentira, estão nos enganando. Está acontecendo isso agora em nosso território, com várias doenças que afetam o desenvolvimento das crianças. Imagina se a mineração for aprovada”, afirmou a liderança.”, afirmou a liderança.

 

Leia a reportagem do Amazônia Real na íntegra, clicando aqui.

O relatório

O relatório tem por objetivo descrever a evolução do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY) em 2021. Trata-se do pior momento de invasão desde que a TI foi demarcada e homologada, há trinta anos. Apresenta como a presença do garimpo na TIY é causa de violações sistemáticas de direitos humanos das comunidades que ali vivem. Além do desmatamento e da destruição dos corpos hídricos, a extração ilegal de ouro (e cassiterita) no território yanomami trouxe uma explosão nos casos de malária e outras doenças infectocontagiosas, com sérias consequências para a saúde e para a economia das famílias, e um recrudescimento assustador da violência contra os indígenas.

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