Foto: Reprodução / Twitter

Já se perguntou o que te fez gostar da sua música preferida? Quando você a escutou pela primeira vez, o que te atraiu? São perguntas que vieram à tona quando a jovem surda Isabela Coelho “viralizou” nas redes sociais. Depois de adotar um implante coclear, ela começou a compartilhar com seus seguidores as primeiras impressões de algumas músicas que ela começou a escutar pela primeira vez.

Para Isabela, compartilhar a experiência é importante para tirar do senso comum algumas narrativas que costumam “romantizar” os “avanços” que cada pessoa enfrenta na convivência com sua deficiência. Um exemplo bem evidente foi o momento em que Isabela compartilhou a ativação de seu implante. Nada de música romântica de fundo ou palavras de superação.

“Alguns de vocês já viram surdos ouvirem pela 1ª vez e geralmente são vídeos bonitinhos dando a ideia de que pros surdos ouvir som pela primeira vez é algo incrível para eles. Minha reação tosca mostra a realidade”, ela escreveu. A reação foi um grito nada confortável que assustou os seguidores. “Não somos exemplos de superação, é simplesmente uma questão de adaptação”, ela disse em entrevista ao G1.

Mas as narrativas que têm chamado a atenção no Twitter são as músicas e a opinião de Isabela ao escutá-las pela primeira vez. “Fiz a thread para os meus seguidores, que me pediram para relatar a experiência de músicas que nunca ouvi na vida. Eu imaginei que teria um pequeno alcance, mas não a esse ponto de ter tantos compartilhamentos e tantas curtidas. Realmente fiquei impressionada”, contou Isabela, também em reportagem do G1.

Na thread, ela falou sobre canções como Bohemian Raphsody (Queen), Starman (David Bowie), Don’t Stop Till You Get Enough (Michael Jackson), mas também um funk brasileiro com Os mlk é liso (MC Rodolfinho). As reações dela e dos leitores foram as mais diversas, inclusive houve muita gente decepcionada com a recepção das músicas de Bob Dylan e Pink Floyd.

“Houve músicas que eu não gostei e há um motivo para isso: sibilância”, escreveu ao compartilhar a música The Wall. “Sinto decepcionar alguns de vocês, mas Pink Floyd NÃO DÁ. Meu cérebro não gostou de música caótica como essa aqui”. Ela também foi sincera sobre Bob Dylan: “muita gente fala dele mas não gostei da voz”.

A opinião foi polêmica mas logo alguns especialistas trouxeram pontos importantes para a discussão: “a primeira impressão não é a que vale”. Para nossos ouvidos, o processo de adaptação é importante e ainda é possível gostar de um música depois daquela primeira sacada. Isabela compartilhou um diálogo que fez com um amigo musicista e tranquiliza: “já adianto que talvez eu não goste de tal música mas daqui um tempo poderá ficar melhor”.