Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, publicou relatório afirmando que existem “motivos razoáveis” para acreditar que Israel comete “crime de genocídio” na Faixa de Gaza

Foto: MOHAMMED ABED/AFP)

Israel continua bombardeando áreas hospitalares e residenciais no sul de Gaza, mesmo após a aprovação da resolução pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas pedindo um cessar-fogo na região. O Hospital Al-Amal, o último grande centro de saúde em funcionamento, foi forçado a fechar suas portas. Mais de 40 mil palestinos já morreram nos bombardeios sob comando do extremista Benjamim Netanyahu. “70% das vítimas são mulheres e crianças”, afirmou a Unicef.

De acordo com relatos da organização humanitária, as Forças Armadas de Israel exigiram que médicos, pacientes e refugiados abandonassem o Hospital Al-Amal antes de fecharem as entradas com terra. O PRCS expressou sua decepção pela falta de proteção adequada fornecida pela comunidade internacional, conforme declarado em um comunicado divulgado nas redes sociais.

Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, publicou relatório afirmando que existem “motivos razoáveis” para acreditar que Israel comete “crime de genocídio” na Faixa de Gaza.

“O número angustiante de mortes, os danos irreparáveis ​​causados ​​aos que sobrevivem, a destruição sistemática de todos os aspectos necessários para sustentar a vida em Gaza – dos hospitais às escolas, das casas às terras aráveis ​​– e os danos específicos a centenas de milhares de crianças e para mães grávidas e jovens”, são elementos que indicam a prática desse crime por parte de Israel, na “intenção de destruir sistematicamente os palestinos como um grupo”, disse Albanese no Conselho de Direitos Humanos da ONU na terça-feira (26).

Israel rebateu as acusações, afirmando que o relatório seria uma “obscena distorção da realidade” e questionaria o direito do país de existir.

Hospital sitiado

“O Hospital Al-Amal foi sitiado durante dias e bombardeado várias vezes antes de as forças de ocupação retomarem o cerco e forçarem todos os que nele se encontravam a sair, deixando o hospital destruído. O mesmo destino se abateu sobre o Hospital Al-Quds do PRCS na cidade de Gaza, que está fora de serviço há meses”, ressaltou o comunicado do Crescente Vermelho Palestino.

Durante os últimos momentos do cerco ao hospital, relatos indicam que Israel disparou bombas de fumaça e atirou contra o local, em meio a violentos bombardeios. Esses ataques resultaram na morte de duas pessoas, incluindo um membro da equipe de operação de emergência, identificado como Ameer Abu Aisha. Um paciente e outras três pessoas também ficaram feridas.

Além do fechamento do hospital, as horas seguintes à decisão da ONU foram marcadas por intensos bombardeios e novas mortes na Faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde palestino, em 24 horas, 81 pessoas foram mortas e 93 ficaram feridas. A cidade de Rafah, considerada o último local seguro para 1,5 milhão de palestinos refugiados, também foi alvo de ataques.