Foto: Vinícius Mendonça / Ibama

O Brasil está perdendo atratividade para os investidores estrangeiros: os investimentos tiveram uma queda de 85% no mês de agosto, em comparação com o mesmo período do ano passado, o menor resultado para o mês desde 2006. Sendo assim, as aplicações somaram US$ 1,4 bilhão em agosto deste ano, ante US$ 9,5 bilhões no mesmo mês em 2019. Os dados foram divulgados hoje (23) pelo Banco Central (BC).

Nos primeiros oito meses deste ano, US$ 15,2 bilhões deixaram o país, o maior volume para o período desde que o Banco Central (BC) começou a compilar as estatísticas, em 1982.

Historicamente, uma importante fonte de recursos para o crescimento interno, esse tipo de investimento é feito por multinacionais e tem como objetivo de incrementar atividades econômicas locais, assim, estabelece um relacionamento de médio e longo prazo das empresas com o país.

O Brasil vem recebendo um menor volume de investimento estrangeiro desde o início da pandemia, e além da crise sanitária, o país convive com crises políticas e ambientais. Com o avanço de queimadas e desmatamento, esse quadro tende a se agravar, segundo especialistas. Recentemente, em uma audiência virtual promovida pelo Supremo Tribunal Federal, Arminio Fraga, ex-presidente do BC, alertou para a piora da imagem do Brasil no exterior.

“Em função da piora concreta das taxas de desmatamento e de sinais abundantes de que prevalece hoje uma certa tolerância com a questão, o Brasil tem merecido uma imagem bastante negativa na cena internacional. O mesmo obscurantismo que nos prejudicou e nos prejudica no combate à pandemia nos afeta também nos temas ambientais”.

Para Arminio, qualquer hesitação nessa área “reforça essa percepção negativa sobre o Brasil, que corre o risco de se tornar um pária.

Arminio ressaltou que isso também prejudica cada vez mais o acesso a mercados para os produtos brasileiros: “Basta lembrarmos o acordo com a União Europeia. A crescente ênfase, por parte das melhores empresas do mundo, do trio chamado em inglês ESG, traduzindo, meio ambiente, social e governança, reduz a atratividade do Brasil como destino de investimentos.”