Dados mostram que a região Norte e também a Amazônia Legal continuam a ter a maior média de moradores por domicílios particulares ocupados acima da média brasileira

Foto: Acervo IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta os primeiros resultados com informações a respeito da população e dos domicílios do Censo Demográfico 2022 e constatou: a região Norte continua sendo a segunda região com o menor índice populacional, atrás somente do Centro Oeste. Mesmo assim, houve um crescimento de região 0,75% ao ano no período de 2010 a 2022, datas em que foram realizados os últimos Censos Demográficos. 

O censo serve principalmente para elaboração de políticas públicas através dos dados coletados, como por exemplo, o repasse para prefeituras com base no número populacional dos municípios. O que se observou no último censo foi uma grande perda, Brasil afora, de pessoas em diferentes cidades. Belém, capital do Pará, tinha, em 2010, uma população de 1.392.332 habitantes, mas até 31 de julho de 2022 (data limite para os recenseadores coletarem informações), a capital paraense tinha 1.303.389 residentes. São Félix do Xingu, também no Pará, tem agora 65.418 habitantes, perdendo 25.922 nos últimos 12 anos.

Segundo matéria divulgada pela agência de jornalismo Amazônia Real, na contrapartida, a região Centro-Oeste, onde fica o Mato Grosso, estado que na sua parte norte ainda contém fragmentos da floresta amazônica, registrou a maior taxa de crescimento desde o Censo 2010: 1,23% ao ano, conquistando 2.229.715 habitantes desde então. Muitos municípios do Mato Grosso registraram crescimentos expressivos: Querência (6,18%), no Nordeste mato grossense e onde fica parte da Reserva Indígena do Xingu, Lucas do Rio Verde (5,21%), Nova Mutum (4,82%), Sinop (4,69%), Campos de Júlio (4,58%) e Sorriso (4,35%). Nelas, o agronegócio já avançou sobre a floresta de forma impiedosa. E este é um fato novo: a região Norte, nos últimos doze anos, passou a crescer menos que o Centro-Oeste.

O destaque é Manaus, a capital amazonense, que agora conta com 2.063.547 habitantes, com um acréscimo de 261.533 residentes entre um censo e outro. Foi a maior variação entre todas as cidades brasileiras recenseadas.

A reportagem dá ainda destaque para outro dado que também foi divulgado pelo IBGE: a região Norte e também a Amazônia Legal continuam a ter a maior média de moradores por domicílios particulares ocupados (onde as pessoas moram), todos acima da média brasileira de 2,79 – que, por sua vez, é inferior à média de 2010 (3,31 moradores por domicílio). O Amazonas é o campeão, com 3,64 moradores por residência, um pouco à frente do Amapá (3,63), de Roraima (3,51) e do Pará (3,31).

“A redução da média de moradores por domicílio é um processo contínuo e explica parte do crescimento de domicílios”, explica o diretor de Geociências do IBGE, Claudio Stenner. Isso fica claro quando se imagina jovens morando sozinhos em pequenas unidades habitacionais, como os chamados “studios” ou um dormitório de baixa metragem.

Mapeamento de terras indígenas

Cimar Azevedo, o presidente do IBGE, adiantou, em coletiva aos jornalistas, que a coleta de dados evoluiu a ponto de conseguir levar recenseadores onde, em edições passadas, não foi possível. “Nunca se recenseou tanto indígena quanto nesse Censo 2022, por conta da metodologia empregada”, disse, complementando que “foi uma verdadeira operação de guerra” chegar até a Terra Indígena Yanomami. Essa coleta foi feita ainda neste ano, já sob a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para mapear as Terras Indígenas e também os territórios quilombolas, o Censo 2022 contou com o apoio do Ministério dos Povos Indígenas, do Ministério da Justiça, das Forças Armadas e do Ministério do Planejamento, a cargo da ministra Simone Tebet (MDB). Cimar fez questão de ressaltar que sem o aporte extraordinário de  R$ 350 milhões, neste ano, foi possível ampliar o trabalho dos recenseadores, mesmo tendo enfrentado dificuldades no governo passado.

Além dessas mudanças, o IBGE divulgou também um novo mapa da Amazônia legal. “As maiores mudanças em relação a 2019 foram em municípios internos à Amazônia Legal”, comenta o gerente de Infraestrutura de Dados e Serviços do IBGE, Diogo Nunes. Isso porque não houve atualização na representação das fronteiras do Brasil com outros países, nem mudanças nas divisas entre os estados que compõem a área. “Por exemplo, no Mato Grosso, o município de Várzea Grande teve mudanças em seu território, mas sem que isso alterasse a área total em questão”, acrescenta Nunes.

Via Amazônia Real