“Fiz a pergunta que todo eleitor está se fazendo: por que a equipe do Tarcísio mandou um cinegrafista apagar imagens do tiroteio em Paraisópolis?”, disse Haddad

Haddad e Tarcísio no debate da Globo. Foto: Reprodução/TV Globo

Por Mauro Utida

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) encurralou o ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) no debate da Globo, na noite desta quinta-feira (27), ao questionar por que a equipe do Tarcísio mandou um cinegrafista apagar imagens do tiroteio em Paraisópolis, zona oeste de São Paulo. “Fiz a pergunta que todo eleitor está se fazendo”, disse o petista.

No último dia 17, o candidato bolsonarista tentou usar politicamente o tiroteio ao afirmar para os meios de comunicação que teria sido um atentado. O cinegrafista da Jovem Pan que captou imagens do ato que resultou na morte de um homem declarou ao jornal Folha de S. Paulo que sofreu pressão da chapa de Tarcísio após o episódio para que ele apagasse imagens de um tiroteio em Paraisópolis. Desconfiado, gravou a conversa e o áudio obtido pela Folha foi divulgado na terça-feira (25).

Nesta quinta, horas antes do debate, o The Intercept Brasil divulgou relatos colhidos em Paraisópolis em que quatro testemunhas afirmam que policiais à paisana que faziam a segurança de Tarcísio mataram a tiros o homem que estava desarmado. Os relatos colhidos pelo Intercept na comunidade desmentem a versão apresentada pelos policiais no boletim de ocorrência registrado na 89ª DP, no bairro vizinho do Campo Limpo. Os agentes afirmam que avistaram criminosos portando armas longas em motos logo após ouvirem uma rajada de tiros de metralhadora.

Tarcísio acusou Haddad de fazer sensacionalismo no debate e declarou que o pedido para apagar as imagens foi feito “para preservar as testemunhas que estavam no local”. O ministro de Bolsonaro acabou confessando, em rede nacional, que interferiu nas provas do crime do caso de Paraisópolis e defendeu sua atitude diante de eleitores.

“Mais uma grande divergência que tenho com o meu adversário, dessa vez sobre segurança pública. Se você tem uma imagem que acha que pode colocar a vida de alguém em risco, apaga ou leva para a autoridade policial?”, questionou Haddad.

“O procedimento que ele relatou é absurdo, pergunte a qualquer especialista se podem levar uma pessoa para o comitê de um candidato e determinar que seja apagada. Isso gera suspeição. Hoje a sociedade paulista se pergunta por quê isso aconteceu. O cinegrafista contou uma história totalmente diferente para a Folha. Por que ele faria isso? Todos os meios de comunicação estão dizendo que um homem desarmado foi morto, isso tem que ser apurado. Não se destrói provas e evidências, se confia na autoridade policial, senão estamos todos perdidos.”

Privatização da Sabesp

Outro tema que esteve em alta no último debate entre os candidatos na TV Globo foi a proposta de Tarcísio de Freitas de privatizar a Sabesp, “o maior patrimônio do estado de São Paulo”, conforme declarou Haddad.

O candidato petista alegou que a privatização da Sabesp irá causar o aumento da conta da população e que este tipo de projeto fracassou no mundo. Haddad destacou que enquanto o adversário quer privatizar o sistema de saneamento do estado, a tendência global crescente indica que esforços para fazer exatamente o inverso – devolver a gestão do tratamento e fornecimento de água às mãos públicas.

“Você quer vender nosso patrimônio, quer tirar câmera do polícia, quer desobrigar a vacinação, não quer controlar a frequência escolar. Eu fico me perguntando que tipo de secretário você quer ter? Que tipo de secretário vai concordar com uma agenda dessa?”, questionou Haddad.

“Um pouco mais de respeito. Você veio aqui tentar ser governador. Tem um apartamento alugado aqui por 6 meses. Se não der certo, vai voltar pra casa”, disparou Haddad para Tarcísio, carioca que tenta ser governador de SP.

Atraso de oxigênio para Manaus

A pandemia também foi um dos assuntos mais comentados no debate da Globo, onde Tarcísio tentou se defender, alegando serem mentirosos os estudos que indicam que ele e o ex-ministro da saúde, Eduardo Pazuello, atrasaram a chegada de oxigênio em Manaus, custando a morte de centenas de pessoas.

O erro de Tarcísio e Pazuello, considerado pelo governo, um “especialista” em logística, gerou atraso em até 66 horas para a chegada de 160 mil m³ de oxigênio a Manaus. A conclusão sobre o erro de logística é relatado em estudo produzido pelo biólogo Lucas Ferrante, mestre e doutor em Biologia (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.

“Qual a dificuldade de levar oxigênio para suprir a necessidade de quem estava morrendo por falta de ar?”, questionou Haddad a Tarcísio.

Confira os principais trechos:

Leia mais:

Cinegrafista relata pressão da equipe de Tarcísio após tiroteio em Paraisópolis

Polícia quer íntegra dos vídeos da Jovem Pan que equipe de Tarcísio mandou apagar

Em SP, Haddad cresce na pesquisa Ipec e está em empate técnico com Tarcísio