Afegãos no Aeroporto de Guarulhos (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Por Hellen Sacramento

Mais de 300 afegãos refugiados residem no aeroporto de Guarulhos, SP, sem suporte do governo federal. Após 4 meses de fluxo mais intenso do que esperado de migrantes no país com visto humanitário, as pessoas estão sem abrigos disponíveis, recebendo ajuda de civis e sem amparo do governo brasileiro. 

A entrada de refugiados foi liberada no início de 2022, com autorização governamental para utilização do visto humanitário. Durante o ano todo com uma movimentação de afegãos mais lenta, as ONGs conseguiram oferecer suporte e proteção às famílias. Em agosto, não haviam mais locações disponíveis. As famílias que ingressaram em São Paulo, antes da metade do ano, conseguiram moradias dignas, mas, os outros estão desalojados e sem previsões de quando poderão ter um abrigo. 

Mulheres, crianças com um pouco mais de 30 dias de vida, idosos e jovens seguem sem local adequado para acolhimento, à espera de um espaço que lhes proporcione dignidade, relatou  Swany Zenobini, ativista no enfrentamento ao tráfico de pessoas, em entrevista à Mídia NINJA. Ela contou que em 19 de agosto iniciou o colapso de superlotação nos abrigos, e por consequência, as pessoas estão alojadas no GRU. 

Caos generalizado

“Tem afegãos morando no aeroporto desde o começo do ano. Mas agora que aconteceu esse problema gravíssimo da falta de locais para acolhimento”, Swany convive com os afegãos, os ajuda diariamente e tenta dar um suporte emocional a todos: “Eles estão péssimos, enganados pelo governo brasileiro”. Quando o visto humanitário sob amparo da Portaria Interministerial nº 24/2021 começou a ser liberado para os afegãos, com ele a confirmação de que receberiam acolhimento, direitos à saúde, casa, alimentação, dignidade e liberdade. 

Refugiados Afegãos no Aeroporto de Guarulhos (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

A Portaria n°24 dispõe sobre a concessão de visto temporário e de autorização de residência para fins de acolhida humanitária para nacionais afegãos, apátridas e pessoas afetadas pela situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de grave violação de direitos humanos ou de direito internacional humanitário no Afeganistão. Entretanto, o visto humanitário tem validade de 180 dias, e para a residência temporária no Brasil, é válido por dois anos. Mesmo com o visto nas mãos em um país que lhe prometeu segurança, para as pessoas terem condições de solicitar a residência elas precisam de suporte e oportunidades dignas de trabalho para recomeçarem suas vidas. 

A comunidade cristã tem auxiliado os afegãos em necessidades médicas, como as crianças recém nascidas, conseguem alguns empregos simples para as pessoas, distribuem água, cobertores de frio. Caritas Arquidiocese de São Paulo (Casp), a Jovens com uma Missão (Jocum), a Associação de Presbiterianos para Inclusão Social Comunitária (Prisco) e a Vila Minha Pátria são algumas delas. 

A prefeitura do aeroporto de Guarulhos oferece banheiros limpos para banhos e higienização dos refugiados e organizou uma parceria com ONGs para que eles ofereçam alimentação diária a todas as famílias enquanto esperam um posicionamento efetivo do governo. 

Como ajudar

As doações podem ser de mantas de frio, kit higiene, água, leite, biscoitos, pão de forma, entre outras, entregues diretamente no Terminal 2, portão B, Mezanino, em frente ao estabelecimento Rei do Matte, onde estão os afegãos.

Ajuda com oportunidades de emprego também são bem vindas, relatou a ativista. Entre os afegãos há jornalistas, dentistas, militares e advogados. Todos dispostos a recomeçar a vida. 

Mais informações com Swany Zenobini @swanyzenobini

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