Governo ignora desastres atuais como as chuvas no RJ, BA e MG, além da seca na região central e temperaturas extremas no Sul

Muitas pessoas morreram em consequência dos impactos das chuvas na Bahia e Minas Gerais (Isac Nóbrega/PR)

 

O governo Bolsonaro cortou drasticamente os recursos destinados à mitigação de desastres naturais para 2023. Segundo o Jornal da Usp, os cortes chegam até 99%. No quesito de obras emergências de mitigação para redução de desastres, por exemplo, o orçamento caiu de R$ 2,8 milhões para R$ 25 mil. E para a execução de projetos e obras de contenção de costas urbanas,  o orçamento caiu de R$ 54 milhões para 2,7 milhões.

O governo ignorou desastres naturais que assolaram o país neste ano mesmo, como as chuvas em Petrópolis (RJ), na Bahia, em Angra dos Reis (RJ) e em Minas Gerais, além da seca na região central e as temperaturas extremas no Sul do País.

O professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicação e Artes e do Instituto de Energia e Ambiente da USP, aponta uma realidade de descaso com os desastres naturais.

“E, quando há mobilização de equipes governamentais, o auxílio ocorre fora de um prazo que poderia ser mais efetivo”, lamenta. Sobre os cortes elencados, destaca que a quantidade que era destinada anualmente, já era pequena diante do montante necessário para as obras de mitigação. “Então, o que já era pouco, ficou ainda menor”, pontua o professor.

Para Côrtes, a pauta ambiental está em extrema defasagem. “Não há o reconhecimento, pelo menos por parte do governo, de que as mudanças climáticas sejam uma realidade, que nós tenhamos esse cenário efetivamente se apresentando, não só no Brasil, mas em diversos locais do mundo. As verbas destinadas para a recuperação de estradas, infraestrutura, socorro às vítimas, estiveram mais ao sabor de afinidades políticas do que a emergência do que estava sendo verificado”.

Ele também indica quais ações políticas deveriam ser efetivadas para o controle de desastres.

“Precisamos, antes de mais nada, oferecer moradias para que essas pessoas possam ser retiradas da área de risco. Ninguém vai para área de risco porque gosta, a pessoa vai por falta de opção. Oferecer infraestrutura, transporte, educação, saúde”, completa.

Ao Jornal da Usp elencou que além disso, são necessárias obras de drenagem, restauração das matas ciliares e o combate às ilhas de calor. A recomposição dessas áreas de risco é necessária para que desastres futuros não voltem a acontecer.

“Isso depende de recursos, é necessário que haja uma ação integrada para que esses problemas sejam atacados. Podemos nos adaptar ou criar melhores condições para que as pessoas enfrentem essa situação com um pouco mais de segurança”, completa Côrtes.