Foto: Dodotone

Desde o ano passado, a cada dia surgem novos relatos e denúncias de mulheres sobre tentativas de abuso e de serem dopadas em carros de aplicativos. Algumas compartilharam suas histórias nas redes sociais e viralizaram, deixando um alerta importante a outras pessoas para tomar cuidado com atitudes suspeitas.

Uma delas é Luiza, que contou no Twitter que passou por uma tentativa de ser dopada mas conseguiu escapar e ser acolhida por uma comunidade em um lugar remoto onde estava. Ela comenta que já viu relatos anteriores e que a sua história seria só mais uma, mas achava importante dizer o que aconteceu.

Em resposta a pessoas que perguntaram mais detalhes, Luiza conta que o motorista tinha boa avaliação no aplicativo mas não se lembra de quantas corridas ele tinha, e que os vidros dele estavam abertos mas os de trás fechados, mas como eram manuais, ela conseguiu abrir sem problemas. Ela relatou sintomas parecidos com de outras mulheres: visão turva, pressão na cabeça, falta de ar. Luiza conseguiu sair do carro e foi ajudada na beira da estrada.

Larissa, de 33 anos, conta que estava com as amigas na Barra Funda em São Paulo e estava sóbria. Depois de várias tentativas de pedir um carro pelo aplicativo Uber, que foram canceladas, ela decidiu ira para a casa de uma amiga na República para tentar novamente de um lugar mas fácil. Ela conseguiu um carro que estava próximo e ao pedir por mensagem para o motorista não cancelar, estranhou a resposta . E ele me respondeu: ‘Por quê?’. Eu falei: ‘Porque estão cancelando o tempo inteiro’. Normalmente, eles respondem: ‘Ok’, ‘Entendi’, ‘Pode deixar’”, contou a mulher ao Metrópoles. Ela conferiu que não tinha número de corridas e enviou um print para a amiga como garantia, além de observar antes de entrar no carro se os dados batiam.

Durante o começo do percurso, ela notou que o motorista pegou um potinho com tampa, que poderia ser álcool, mas sem nada escrito. Larissa estava de máscara mas sentiu um cheiro forte e abriu a janela, se sentindo zonza. Ela pediu para o motorista abrir a porta, que estava trancada, e conseguiu descer e entrar em um local na República, onde ligou para a amiga. O percurso durou 8 minutos. Depois do ocorrido, Larissa fez um boletim de ocorrência virtual.

Em Porto Alegre, uma assistente administrativa de 22 anos contou em uma postagem em sua página de Facebook que em uma corrida o motorista começou a conversar com ela dizendo que também trabalhava “vendendo cheirinhos pra casa” e insistiu que ela cheirasse, para dizer se era bom ou não. Ela desconfiou e comentou que o marido estava vendo a localização dela, esperando que ela chegasse, e então o motorista mudou de rota, e começou a dar voltas. Os vidros dela estavam fechados e ao tentar abrir, foi advertida de que deveria mantê-los fechados para não estragar os bancos com sol. Depois disso, ele ligou o ar condicionado direcionando para ela e reduziu a velocidade do carro. Ela conta que começou a ficar tonta, então tirou uma foto do carro e decidiu pular do veículo em movimento. Ela afirma que o motorista ainda deu a volta na rua para tentar colocá-la de volta no carro. Ela foi auxiliada por pessoas em uma parada de ônibus e o marido. A jovem ficou ferida e foi hospitalizada.

Em nota, a Uber disse que trata os casos com máxima seriedade e investiga todos individualmente para tomar medidas cabíveis, além de estar aberta as denúncias pelo aplicativo e colaborar com as investigações.

Casos assim não aconteceram só com motoristas do Uber. Em entrevista ao G1, Bruna Custódio contou o que aconteceu com ela no 99 Táxi. Ela compartilhou nos stories de seu Instagram o caso, para alertar outras passageiras. A fotógrafa conta que estava à noite numa corrida em São Paulo, e em determinado momento, parado em um semáforo, o motorista fechou o vidro dele, deixando o dela aberto e ela começou a sentir um cheiro forte, que desconfiou ter vindo de fora. Ao perceber que não era, mandou uma mensagem para a namorada e pediu para o motorista parar o carro. Quando ele parou, ela pode descer, tirou uma foto do veículo e se afastou. Ela conseguiu agir rápido porque havia visto um caso semelhante há pouco tempo. O aplicativo 99 Táxi disse em nota oficial que está em contato com a vítima e bloqueou o motorista para poder investigar o caso, além de se colocar a disposição de outras pessoas que tenham denúncias para resolver qualquer situação semelhante.

Bruna contou em suas redes sobre a tentativa do motorista de dopá-la. Foto: reprodução G1