Estudantes levam livros para protestos em Rio Branco, no Acre. Foto: Cassiano Marquez / Estudantes NINJA

Nesta quinta-feira, 30 de maio, mais uma vez as ruas se agitaram em manifestação crítica ao governo Bolsonaro. Foram 255 cidades de 26 estados além do DF mais atos em 10 países. No total, os protestos levaram mais de 1,8 milhão de pessoas às ruas.

Mobilizada especialmente por estudantes e educadores atingidos pelos cortes na Educação, a pauta se multiplicou nas ruas. “A luta unificou, agora é estudante com trabalhador”, foi o grito de guerra em várias cidades durante o 30M. Tendo a educação como mote, o principal inimigo das ruas foi o projeto antipovo do governo. Bandeiras contra a reforma da previdência ou o pacote racista anticrime também foram levantadas, apontando o marco da greve nacional de 14 de junho.

Nas redes sociais, a mobilização também foi intensa e até lá, onde o presidente Bolsonaro costuma impulsionar sua base, a hashtag #30MdaEducação perdurou durante todo o dia. Até 22h, foram mais de 251 mil postagens só nessa tag. Outras também ajudaram a mobilizar os manifestos contra o governos, tais como #30MPelaEducação, #NaRuaPelaEducação, #BrasilPelaEducação, #Tsunami30M, #TsunamidaEducação.

“Aqui é pororoca da educação”, disseram as ativistas Karinny de Magalhães e Loyanna Santana nas ruas do Amapá (MA). “Essa é uma mobilização histórica que a gente tem feito desde o Ele Não”, aponta Karinny.

Em comparação ao 15M, a arquiteta e ativista carioca Tainá de Paula, afirma que “o 30M ampliou a capilaridade de mobilização onde a manifestação aconteceu. É um bom termômetro pra gente avaliar inclusive comparando com o mapa eleitoral de Bolsonaro”. Em debate durante o Plantão NINJA em nossa TV, Tainá apontou que a “a discussão se o governo está funcionando conforme a necessidade do povo está aumentando cada vez mais”.

Deboche e falta de diálogo

Uma das fortes características das mobilizações de ontem foi a reação do governo Bolsonaro, especialmente do ministro da Educação Abraham Weintraub. Na manhã da quinta-feira, circulou nas redes a ameaça pronunciada pelo ministro de que proibiria a mobilização e a divulgação dos atos pelos docentes e profissionais de ensino.

No mesmo dia, em tom de deboche, o ministro aparece em rede nacional com um guarda-chuva, dizendo proteger-se de fake news falando sobre os cortes para a restauração do Museu Nacional. Na opinião das ruas, trata-se de um forte símbolo de resguardo contra as reivindicações de sua própria pasta.

“O governo não aproveitou para fazer escuta. Em vez disso, resolveu fazer uma cruzada contra a população, os estudantes e os profissionais da educação”, complementou Tainá de Paula.

Para Victoria Henrique, estudante da UFF, esse é só o começo. “A população está começando a tomar consciência do que realmente está acontecendo, o que representa o governo. Hoje foi um dia que representa muito isso”, disse.

“Não só a comunidade acadêmica, mas a sociedade brasileira foi às ruas dizer que Brasil nós queremos. Acho que estamos no caminho certo e precisamos da participação de todo mundo. Hoje fizemos um lindo trabalho mas ainda podemos fazer muito mais”, complementou Victória, que também se somou a rede de Estudantes NINJA lançada às vésperas dos atos de 15 de maio.

Estudantes NINJA

Mais de 500 estudantes puderam acompanhar de perto a produção narrativa dos atos de 30 de maio junto à Mídia NINJA. A rede de estudantes, ainda aberta à participação, já conta com mais de 1700 inscritos que participaram nas últimas duas semana de uma agenda de reuniões e oficina para fortalecer a produção de conteúdo em primeira pessoas dos atos e atividades nas ruas, escolas, universidades e demais instituições de ensino.

No último sábado, a Mídia NINJA trocou repertórios sobre fotografia para os atos de rua em oficina online realizada exclusivamente aos estudantes cadastrados. O resultado foi a publicação de conteúdo de 153 cidades até o fim da quinta-feira. As inscrições permanecem abertas para estudantes de todo o mundo que querem estar com a Mídia NINJA na construção de uma narrativa da resistência estudantil no Brasil durante o atual governo.