Relatório conclui que há uma evidente falta de organização e articulação

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Nos últimos quatro anos de Bolsonaro, mais de R$ 2 bilhões em insumos adquiridos pelo Ministério da Saúde foram descartados devido ao seu vencimento. Essa informação é parte de um relatório da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, que o Jornal da Globo obteve com exclusividade.

Apenas nos últimos dois anos, mais de R$ 2,2 bilhões em insumos, incluindo medicamentos e vacinas, foram incinerados devido ao seu vencimento. A comissão alerta para o risco de mais descartes no futuro.

O almoxarifado central do Ministério da Saúde, localizado em Guarulhos, na Grande São Paulo, é responsável pelo armazenamento e distribuição de uma grande parte dos recursos de saúde do SUS. Durante uma vistoria realizada na última sexta-feira (14), a comissão descobriu que mais 75 milhões de itens vencerão nos próximos três meses.

O relatório conclui que há uma evidente falta de organização e articulação entre os processos de compras e logística e as necessidades da população.

O Ministério da Saúde considera o desperdício inadmissível e atribui a gestão do governo Bolsonaro à sua ocorrência.

A pasta afirmou que está trabalhando em conjunto com estados e municípios para encontrar soluções e evitar novos desperdícios.

Governo Bolsonaro mandou incinerar R$ 13,5 milhões em remédios para doenças raras

Como publicou a NINJA, desde 2019, o governo Bolsonaro (PL) incinerou R$ 214,2 milhões em diversos medicamentos utilizados no tratamento de doenças raras e de alto custo, como vacinas e remédios para pessoas com câncer, paralisia, HIV, hepatite C e outras.

A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo e não levou em conta os desperdícios de vacinas contra a Covid-19.

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Entre os medicamentos para doenças raras, já foram descartadas ainda 949 unidades do Translarna, produto usado para pacientes com distrofia muscular de Duchenne, que causa degeneração muscular progressiva.

Os dados sobre estoques da Saúde estavam sob sigilo desde 2018 e foram liberados apenas após recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU).

Segundo fontes do governo, a maior parte dos produtos foi descartada após a expiração da validade. Além disso, outros produtos com data de validade vencida podem estar no estoque aguardando descarte, conforme apurou a Folha de S. Paulo.

Além dos medicamentos para doenças raras e de alto custo, o governo federal também incinerou medicamentos destinados a várias formas de mucopolissacaridose, uma condição que pode causar restrições nas articulações, problemas respiratórios e cardíacos, hérnias e outras dificuldades, além de aumentar o risco de morte prematura. O valor total desses produtos descartados foi de cerca de R$ 2,9 milhões.

Lista de medicamentos de alto custo perdidos devido à má gestão do governo Bolsonaro

  • Translarna – tratamento: distrofia muscular de Duchenne; unidades incineradas: 949. Valor: R$ 2,74 milhões
  • Betagalsidase – tratamento: doença de Fabr; unidades incineradas: 259. Valor: R$ 2,46 milhões
  • Eculizumabe – tratamento: hemoglobinúria paroxística noturna; unidades incineradas: 127. Valor: R$ 1,73 milhão
  • Vimizim – tratamento: mucopolissacaridose IVA; unidades incineradas: 632. Valor: R$ 1,61 milhão
  • Galsulfase – tratamento: mucopolissacaridose VI; unidades incineradas: 283. Valor: R$ 1,24 milhão
  • Alfagalsidase – tratamento: doença de Fabry; unidades incineradas: 272. Valor: R$ 1 milhão
  • Metreleptina – tratamento: síndrome de Berardinelli-Seip; unidades incineradas: 47. Valor: R$ 1,1 milhão
  • Idursulfase – tratamento: síndrome de Huner; unidades incineradas: 186. Valor: R$ 985 mil
  • Nusinersen (Spinraza) – tratamento: atrofia muscular espinhal (AME); unidades incineradas: 2. Valor: R$ 319 mil
  • Nitisinona – tratamento: tirosinemia hereditária do tipo 1; unidades incineradas: 1.200. Valor: R$ 229 mil
  • Alentuzumabe – tratamento: esclerose múltipla; unidades incineradas: 2. Valor: R$ 56 mil
  • Kanuma – tratamento: deficiência de lipase ácida; unidades incineradas: 1. Valor: R$ 23 mil

Total: R$ 13,5 milhões