Imagem: divulgação

Por Rodrigo Cunha dos Reis*

Genocídio, do grego ‘Genos’ para raça ou grupo. Essa palavra tem sido recorrente nos últimos dias enquanto testemunhamos (ou nos recusamos a testemunhar) em nosso país a letalidade da Polícia Militar contra os negros; e mundo a fora uma Guerra entre Rússia e Ucrânia, e um massacre perpetuado por Israel na Faixa de Gaza. Ao contrário, porém, de quando começou o conflito europeu, personagens da indústria cinematográfica, salvo raras exceções, se recusam ou optam por não citar a barbárie na Palestina, como foi visto na maioria dos discursos de premiados da temporada pré-Oscar.

Numa sinistra coincidência, “genocídio” é o tema central de três dos indicados a Melhor Filme deste ano. Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese, retrata o massacre do povo Osage pelos brancos que queriam assumir a riqueza do petróleo nas terras “dadas” àquele povo nativo. O favorito Oppenheimer aborda tangencialmente o ataque atômico a Hiroshima, no Japão, através da relação criador/criação do artefato bélico que dizimou duas cidades. E Zona de Interesse, de Jonathan Glazer, direciona um novo olhar ao Holocausto, ocorrido também durante a Segunda Guerra.

A menção a esse terrível genocídio, que inclusive motivou a criação da infame palavra, trouxe o tema para um debate mais amplo. Agora que ficou cada vez mais evidente (se já não era suficiente) que é um extermínio o que acontece com o povo palestino, irão finalmente os membros da Academia se pronunciar por um cessar-fogo? Ou passará despercebido o fato dessas três grandes produções, concorrentes ao principal prêmio da noite, estarem indicadas no exato momento em que essa tragédia acontece diante dos olhos do mundo? Que Hollywood não espere por filmes ou documentários para apontar o que acontece hoje em Gaza. É preciso se manifestar.

*Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2024