Por Aline Braga

O relatório global de transferências de 2022 divulgado pela FIFA apontou um crescimento de 19,3% nas transferências de jogadoras, as transações envolveram 500 clubes de todas as confederações, literalmente o dobro de times em comparação a 2018, e um aumento de 20% em relação ao último relatório de 2021.

Com a realização da Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino na Austrália e Nova Zelândia, a expectativa é de que esses números sejam novamente superados durante a janela de transferências europeia, que teve início em Junho e vai até meados de Setembro. Além disso, há transações já realizadas anteriormente, mas que só foram efetivadas após o retorno das jogadoras e das competições após o Mundial.

Foi o caso da meio campista brasileira Andressa Alves, que deixou a AS Roma da Itália para jogar na NWSL com a camisa do Houston Dash

A liga americana também se tornou o novo desafio de Rafaelle. A zagueira da seleção brasileira deixa o Arsenal, da Inglaterra, para o Orlando Pride e jogará ao lado de Marta e Adriana.

Entre as brasileiras de casa nova também está a atacante Geyse,que após uma temporada vitoriosa no Barcelona irá se desafiar no Manchester United.

Ana Vitória, jogadora da seleção e ex-Benfica, agora irá representar o francês Paris Saint Germain.

Importante lembrar que os EUA e o Brasil, que começam suas competições no primeiro semestre do ano, também passaram por uma janela de transferências no começo do ano, além do draft da NSWL – a liga americana. Algumas mudanças no futebol brasileiro já haviam sido efetuadas antes da Copa do Mundo, e o Placar fez um levantamento antes do início da temporada que vale a consulta.

A base também vem forte! Após participação na campanha histórica do Brasil na Copa do Mundo sub-20 de Futebol Feminino, a atleta Luany foi assinada pelo OL Reign dos EUA, porém, será emprestada para o Madrid CFF, da Espanha, durante esta temporada. Gabi Nunes, ex-Madrid CFF, trocou o time pelo Levante, também da liga espanhola.

No mercado europeu não poderia ser diferente, as jogadoras das federações finalistas têm destaque ampliado quando se fala em transferências. É o caso da campeã do mundo Laia Codina, por exemplo, que deixou o Barcelona para reforçar a defesa do Arsenal, na Inglaterra. Assim como Irene Guerrero, anunciada no último dia da janela de transferências como novo reforço do Manchester United. Ona Batlle fez o caminho oposto e deixou o clube inglês de Manchester para vestir a camisa do Barça. A companheira de seleção, Esther Gonzalez, optou pelos EUA e deixou o Real Madrid para jogar pelo Gotham FC. De volta a Espanha, a jovem Maria Pérez foi emprestada pelo Barcelona ao Sevilla para a temporada, e Oihane Hernández irá reforçar a lateral do Real Madrid.

Entre as finalistas inglesas destaque para a mudança de Alessia Russo, do Manchester United para o londrino Arsenal. A colega de seleção Hannah Hampton irá defender as redes do Chelsea nesta temporada.

Após dois anos no Paris Saint Germain, a sueca Amanda Ilestedt é mais um dos reforços do Arsenal para a temporada. Já Magdalena Eriksson preferiu apostar na liga alemã deixando o Chelsea pelo Bayern Munich.

A campanha histórica das anfitriãs, as Matildas, rendeu algumas transferências interessantes nesta janela, é o caso da goleira reserva Teagan Micah que assinou contrato com o Liverpool, da Inglaterra. A jovem Courtney Nevin também está de mudança para a liga inglesa, para jogar no Leicester City. Alex Chidiac irá em empréstimo para o Tigres UANL, do México. O destaque da seleção australiana, Hayley Raso, deixa o Manchester City para jogar pelo Real Madrid, da Espanha. E no último dia do período de transferências inglês o Arsenal anunciou a contratação da jovem Kyra Cooney-Cross.

A artilheira da Copa do Mundo de 2023, Hinata Miyazawa, não passou despercebida para o Manchester United, o clube inglês anunciou a contratação da japonesa, restando ainda uma semana para o encerramento da janela. Riko Ueki, também se mudou do Japão para a Inglaterra, mas para reforçar o West Ham United.

Ao contrário do que presenciamos no futebol masculino, a maior parte das transferências de jogadoras entre clubes não envolvem cifras milionárias. O relatório da FIFA citado anteriormente registra uma movimentação total de 3,3 milhões de dólares em transferências de jogadoras, uma grande diferença da quantia de 6,5 bilhões de dólares envolvidos no mercado do futebol masculino no mesmo ano.

Enquanto a maioria dos clubes não divulga as taxas de transferência aplicadas, por enquanto, o recorde de transação mais cara do futebol feminino permanece sendo a da inglesa Keira Walsh do Manchester City para o Barcelona, realizada em 2022. Conforme publicado pela Forbes, o acordo fechado pela meio-campista foi de quase 500 mil euros.

Este ano, a transferência mais lucrativa foi a da holandesa Jill Roord que se mudou do Wolfsburg, da Alemanha, para o Manchester City. Levantamentos da BBC e Sky Sports estimam que o clube inglês desembolsou em torno de 300 mil euros pela jogadora.

Apesar disso, é evidente que o mercado tem crescido e as mudanças de elenco têm sido parte importante da estruturação dos clubes ao redor do mundo, garantindo a expansão das ligas e, consequentemente, o consumo de futebol jogado por mulheres e seus fãs.

O levantamento completo e atualizado das transferências entre clubes das cinco principais ligas da Europa pode ser consultado no The Guardian.