Por Larissa Breder

Estamos a apenas algumas horas da final da Copa do Mundo Feminina, e é o momento perfeito para refletirmos sobre o inspirador legado e as mensagens poderosas que foram transmitidas ao longo desses incríveis 31 dias de competição. Nesse período, três conclusões brilham intensamente.

Primeiramente, é inegável a resiliência e força dessas atletas excepcionais. Elas conquistaram o palco mundial mesmo enfrentando uma série de desafios. Independentemente das disparidades de investimento, da ausência de estruturas de base adequadas, das barreiras legais que se interpuseram, da falta de recursos e até mesmo da escassez de reconhecimento financeiro, elas demonstraram uma determinação sem igual. Essas mulheres inspiradoras superaram cada obstáculo e nos presentearam com uma Copa emocionante, cheia de competitividade e estratégia refinada.

Lucy Bronze com a taça da Champions de 2019. Foto: Getty Images

Ao ouvirmos histórias como a de Lucy Bronze, a eleita melhor jogadora do mundo em 2020, que precisou equilibrar o início da sua carreira como atleta profissional com um emprego na Domino’s para sobreviver, somos lembrados da realidade que muitas jogadoras enfrentam não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. A incrível capacidade delas de superar tais adversidades e entregar resultados brilhantes é verdadeiramente inspiradora.

Em segundo lugar, o senso de coletividade e empatia que permeia o futebol feminino é de fato notável. Exemplos como Kosovare Asllani, que após derrotar a seleção americana, defendeu respeitosamente sua qualidade como uma equipe sólida e promissora, destacam a camaradagem que transcende as linhas de campo. Disputas intensas se transformam em abraços e palavras de encorajamento, ilustrando a essência verdadeira do esporte. Esse espírito de competição saudável, combinado com a solidariedade entre as jogadoras, é um testemunho vivo da força do futebol feminino.

Kosovare Asllani deixa legado no futebol da Suécia. Foto: Getty Images

Por último, a união desses temas nos leva a uma perspectiva de futuro vibrante. Um discurso uníssono ecoa entre as jogadoras, desde as veteranas como Marta até as novatas como Caicedo. Esse discurso pede investimentos nas categorias de base e nos campeonatos nacionais, visando proporcionar um ambiente mais promissor e melhores condições para as futuras gerações. O desejo de construir um futebol feminino sólido e inclusivo é evidente, impulsionado pela visão de um esporte que transcende fronteiras e expectativas.

Talvez, a Copa do Mundo de 2023 seja o tão aguardado pontapé inicial para impulsionar a melhoria e crescimento do esporte em todo o mundo. O cenário da competição ofereceu ao mundo uma visão privilegiada de um futebol mais inclusivo, notavelmente competitivo e repleto de estrelas brilhantes. Entre grandes jogadas, belíssimos gols e habilidosos lances, o que verdadeiramente se destacou foi o exemplo inspirador que essas atletas deram, tanto dentro quanto fora dos gramados.

Possivelmente, estamos testemunhando a derradeira geração de futebolistas que precisou enfrentar um segundo emprego para sustentar sua paixão pelo esporte. À medida que as demandas por igualdade ganham força, é plausível que essas heroínas do futebol abram caminho para um futuro onde a dedicação total ao esporte seja a norma.

Talvez, esta também seja a última vez que os brasileiros se recordem do futebol feminino a cada dois anos, pois a crescente conscientização está encorajando ações mais concretas. Em vez de apenas exigir resultados da seleção, talvez o foco se desloque para questionar por que os times locais carecem de equipes femininas. O desejo de uma mudança real está se tornando mais palpável.

Foto: Thais Magalhães / CBF

Outra possibilidade é que essa seja a geração final de pais que anseiam pelo nascimento de um menino para compartilhar sua paixão pelo futebol. A maravilhosa verdade é que as meninas também são jogadoras habilidosas e apaixonadas, capazes de brilhar intensamente no campo.

Enquanto a Copa do Mundo de 2023 chega ao seu emocionante desfecho, somos acolhidos pelo calor de um horizonte promissor. O futuro aguarda, e esses “talvez” inspiradores estão se transformando gradualmente em certezas inegáveis. As sementes de mudança plantadas por essa Copa têm o potencial de germinar em um mundo onde a igualdade, a diversidade e a excelência esportiva são realidades indiscutíveis.

Com informações de Sporting News, Lance, FIFPRO

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube