Acontece hoje celebração histórica do povo negro em  Santana de Parnaíba, no interior de São Paulo. A festa terá início às 17h e conta com roda de reza, reza cabocla, procissão, missa, levantamento de mastro e samba de bumbo.

Foto: Divulgação

A celebração começou em 13 de maio de 1888 para comemorar o dia em que a escravidão foi “abolida” no Brasil e negros sambadores libertos do bairro do Cururuquara resolveram sambar ali por quatro dias e quatro noites por sua esperada liberdade. Na data plantaram 8 palmeiras para comemorar também as terras que ganharam de seus antigos senhores de escravos. A festa foi realizada em louvor a São Benedito, Santo dos Pretos, e alguns anos depois construíram a capela de São Benedito no local onde plantaram as palmeiras.
Desde de 1888 o Grupo Treze de Maio – Samba do Cururuquara faz sua reza cabocla, sua procissão para São Benedito, levantamento do mastro, uma missa e muito samba de bumbo para celebrar o “fim” da escravidão.

A festa em sua origem é uma manifestação da cultura afro-paulista pela liberdade e resistência do povo negro brasileiro.

Sabe-se que o que se viveu depois de maio de 1888 por todo o povo negro brasileiro não foi a esperada liberdade, o povo negro brasileiro vive lutando por seus espaços, em constante resistência.

Não foi diferente para o povo negro do Cururuquara. Os Mestres Pretos desta manifestação perderam suas terras no bairro do Cururuquara e hoje a família está dividida em núcleos em Itapevi, Santana de Parnaíba e Grajaú (São Paulo).

Mesmo tendo perdido suas terras a família volta ao bairro todos os anos para realizar sua manifestação.

Durante todos estes anos a família teve que travar uma luta contra o preconceito dos novos moradores do bairro, que tentaram se apropriar da festa da família, em um processo de inúmeros episódios de intolerância religiosa e preconceito racial.

Pelo segundo ano a família do Cururuquara conseguiu tomar a frente novamente da organização de sua festa e realizará a festa dentro do seu fundamento. É uma vitória extremamente importante no enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa, para o reconhecimento dessa comunidade, pela questão simbólica representada em sua data e na sua manifestação.