Foto: Reprodução / Facebook

Última edição em 19/02

A brasileira Eduarda Santos de Almeida, de 27 anos, foi encontrada morta na última quarta-feira (16), com marcas de 9 tiros no corpo, em uma trilha na região turística de Circuito Chico, em Bariloche, na Argentina. Um turista achou o corpo da vítima e relatou às autoridades policiais. O autor do crime se entregou à polícia e confessou o assassinato. Desde então, o caso apresentou diversos elementos que deixam as motivações e o contexto do crime sob intensa investigação.

Fernando Alves Ferreira, preso após confessar o assassinato, é pai de dois dos três filhos da vítima e foi acusado por crime de “homicídio agravado por feminicídio com uso de armas” durante a audiência de acusação realizada na manhã desta sexta-feira (18). Ele permanecerá em prisão preventiva durante o decorrer da investigação.

Conforme informações da família da vítima, Eduarda fez a “barriga solidária” para dar à luz aos gêmeos que Fernando Alves Almeida criaria com o seu companheiro em casamento homoafetivo. Amigos da vítima contestam, inclusive, o termo “barriga de aluguel” utilizado por portais argentinos, já que ela aceitou carregar em seu corpo a gravidez de seus amigos como um gesto solidário. O marido de Fernando morreu, segundo fontes consultadas pelo jornal Clarin, em circunstâncias nebulosas: falava-se em suicídio mas isso nunca pôde ser confirmado.

De acordo com perícias e hipótese levantada pelo Ministério Público da Argentina, Eduarda e Fernando Alves preservavam uma amizade e moravam juntos. Antes do crime, eles tiveram uma discussão que continuou durante a viagem à trilha de Bariloche. A briga continuou até eles descerem do carro. Segundo a perícia, ela tentou se cobrir com os braços quando foi ameaçada e depois conseguiu correr. As primeiras 6 balas atingiram as costas de Eduarda, outras 3 atingiram a barriga, peito e rosto.

O autor confesso do crime afirmou em depoimento que agia para preservar sua segurança, insinuando que estava em perigo enquanto vivia com a vítima e se sentia ameaçado por ela. “Não planejei, mas tive a opção, considerando que minha vida estava em perigo”, disse Fernando durante audiência. Em audiência, ele traça um perfil da vítima que é contestada pela família de Eduarda. “Minha irmã estava no Brasil e retornou para a Argentina em meados de novembro do ano passado, deixa o emprego aqui, para resolver burocraticamente os trâmites que o Fernando estava alegando ser necessário (em relação ao registro dos filhos), e nesse meio do caminho ela é assassinada”, disse Wallace Oliveira, irmão de Eduarda.

Segundo os promotores do caso, Fernando exercia violência de gênero já que ele abusava psicologicamente e financeiramente de Eduarda durante anos, “aprofundando assim a situação de vulnerabilidade em que se encontrava a vítima, por ser mulher estrangeira, sem parentes ou pessoas de confiança, sem trabalho e com um bebê de um mês, que dependia para sua subsistência e a de seu filho de residente no domicílio do acusado”. O trecho é do relatório elaborado para a denúncia.

O irmão de Eduarda nega que ela estava em vulnerabilidade e inclusive exercia o trabalho como marinheira no Brasil. Ela foi a Bariloche, na Argentina, também a trabalho. A versão do criminoso, “na interpretação jurídica, faz com que a autoridade entenda que a filha de Eduarda não tem ninguém por ela. E algumas notícias na Argentina estão traçando esse perfil, associando a minha irmã ao mercado de prostituição e ao tráfico de drogas”, disse Wallace, reforçando que essa interpretação colocada em depoimento do criminoso confesso é uma forma de colocar barreiras na guarda das crianças pela família de Eduarda.

Uma das hipóteses com que os investigadores tratam é “Eduarda talvez soubesse de coisas que pudessem incriminar Fernando, o que motivou o brutal e trágico atentado a tiros, sobretudo relacionado com a morte do seu companheiro”, conforme os promotores. “É uma morte misteriosa”, acrescentam.

Texto via Clarín, Argentina, com informações do jornal La Voz e Ministério Público de Rio Negro