Por Mariana Martins

São Januário, estádio pertencente ao Clube de Regatas Vasco da Gama, está com os portões fechados ao público desde o dia 22 de junho, data da partida do Vasco contra o Goiás, pela 11ª rodada do Brasileirão. Na ocasião, o clube recebeu uma punição do STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva) de quatro jogos sem público devido ao tumulto violento causado por torcedores vascaínos após a derrota.

Cumprida a punição, o clube agora enfrenta uma ação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que mantém a interdição do estádio ao público, alegando que São Januário não é seguro para os consumidores do esporte. O argumento foi considerado elitista e preconceituoso pela comunidade do esporte em geral, causando uma comoção entre torcedores e analistas de futebol.

Contudo, o clube não é apenas o único que sofre com as consequências da interdição. Houve um impacto importante na vida dos trabalhadores autônomos que viviam dos jogos no espaço.

O Observatório do Trabalho carioca publicou um relatório sobre os efeitos para a população ao redor do estádio. O relatório declara que após a ausência de público, se teve como consequência uma diminuição expressiva na economia formal e informal da região, onde se localiza as comunidades de Barreira Vasco, Tuiuti e Arara.

Foto: Daniel Ramalho/ Vasco

Foi observado que 18 mil habitantes foram afetados direta ou indiretamente com o percentual de 60% na diminuição de renda daqueles que viviam dos jogos no estádio. Ainda o Observatório do Trabalho Carioca declarou que até 300 trabalhadores autônomos eram contratados em dias de jogos. Os comerciantes autônomos relataram que chegavam a ganhar 8 mil reais em dias de jogos.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no dia 30 de agosto, decidiu manter a decisão dos portões fechados ao público nos jogos do Vasco em São Januário. Na última quinta (31), o clube divulgou um manifesto que declarou que a ação da justiça é discriminatória por conta da região onde o estádio está localizado.

“Em um país cujas raízes estão entrelaçadas com o racismo estrutural e outras formas de injustiça, o futebol emerge, não apenas como um espelho da sociedade, mas também como um espaço de transformação”

“Essa proibição, embasada em alegações eivadas de preconceitos, que apontam para a localização em área popular, a violência e as dificuldades de acesso como justificativas, é seletiva e discriminatória. Ignora-se, nesse contexto, que outros estádios de clubes da Série A permanecem abertos, mesmo tendo enfrentado recentes e mais gravosos problemas de segurança, inclusive no Rio de Janeiro.”

O Vasco informou ainda que irá recorrer no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para a liberação do estádio no jogo do dia 16 de setembro, confronto esse que será contra o Fluminense.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube